Imaginem que os dados do IEFP estão calculados, mas que a informação não foi ainda divulgada por falta de autorização ministerial. Imaginem que a autorização só permite a divulgação lá para a próxima semana. Sem um dia oficial de divulgação publicado com larga antecedência todas as especulações são possíveis. Imaginem!
É por estas e por outras que há muito a ganhar em ter um organismo isento, aministerial, largamente independente (técnica, administrativa e financeiramente), dotado dos melhores recursos (condicionados, em regra, a uma percentagem fixa do OGE, por exemplo) e comprometido com objectivos de divulgação públicos, sujeito a escrutínio público, responsável pelas estatísticas oficiais. Muito se pouparia em redundâncias e se ganharia em qualidade e eficiência de informação se o poder político permitisse a emancipação de um respeitável e competente Instituto Nacional de Estatística e se se eximisse de controlar em diversas capelinhas ministriais informação de utilidade pública fulcral facilmente manipulável (nem que seja em termos de timmings) pelos diversos ministros do momento.
Espero que esta seja também uma prioridade do próximo parlamento.
Alguém pode perguntar a um técnimo do IEFP se os dados estão prontos e desde quando estão prontos? E ele tem liberdade para assumir publicamente uma resposta sem temer consequências? Com o sistema actual, é muito fácil ao político desculpar-se e negar veementemente esta hipotética acusação. Não deveria ser assim. Felizmente, não é assim que temos vindo a trabalhar no INE (elo para o calendário de divulgação de dados no INE).