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Política Portugal

Portugal (ainda) um país amordaçado

” (…) Nunca imaginei que trinta e quatro anos depois da festa da liberdade, tanta gente vivesse tolhida pelo medo. Medo de tudo e medo de nada. Do chefe, do presidente da câmara, do Estado, do SIS, da ASAE, do fisco, enfim, de tudo o que mexe. Medo de represálias, de vinganças, de negócios perdidos, de oportunidades goradas. Medo de falar ao telefone e ser escutado, medo de servir alheiras e ser multado. Medo atrás de medo. Este é um medo que nos paralisa; um medo que nos descaracteriza. Curiosamente, esta expressão é inversamente proporcional à dimensão do sítio – quanto mais pequeno o lugar, mais evidente o medo – e directamente proporcional à formação dos visados – quanto mais diferenciada a pessoa, maior o medo.(…)
Ao contrário, quem reage contra o medo, sacode-o e fá-lo recuar. Quase sempre, quem gera medo é cobarde quando enfrentado. Por isso, os portugueses precisam de reencontrar coragem para levantar a cabeça e não se deixarem atemorizar. A nossa liberdade – política, religiosa, cultural – não pode ser fechada numa caixa, que ainda que tenha paredes invisíveis, não deixa de ser profundamente claustrofóbica.

Rui Marques, a propósito da experiência de criação de um novo partido e da recente viagem a Portugal continental que tem desenvolvido nas últimas semanas. Texto integral aqui.

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Política

Em Junho começa uma nova fase: MEP constitui-se como partido

MEP -Alcança assinaturas necessárias para se constituir como partidoO anúncio oficial está feito, o MEP já recolheu as 7500 assinaturas necessárias e em meados de Junho inscrever-se-á como partido político.
Eis um excerto desta peça do jornal SOL:

” Em declarações à Agência Lusa, Rui Marques destacou que se «atingiram as 7.500 assinaturas dois meses antes do prazo previsto» [final de Julho] o que, «revela uma grande adesão à proposta política do MEP».

Rui Marques anunciou em Março a criação do MEP, situado «ao centro» no espaço político, com o objectivo de criar um novo partido a tempo de concorrer às eleições de 2009.

O fundador do MEP acrescentou que recebeu assinaturas de «todo o país com destaque para os distritos de Lisboa, Porto, Coimbra e Aveiro e Braga» e a participação «de muita gente nova».

«Ao contrário da ideia que existe de que os jovens não se interessam pela política, nós tivemos a experiência contrária» , assinalou. (…)”

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Economia Política

Pequena nótula histórica

E foi via MEP que acabei por ver a minha letra impressa no Jornal Publico*. A minha e a do Jorge Mayer neste artigo “Crise dos combustíveis: que respostas?” que saiu no Espaço Público no passado Sábado. Enfim, curiosidades. Umbiguismos à parte, recomendo a leitura, naturalmente. Como já disse, aos poucos, o MEP vai-se dando a conhecer oferecendo-se como alternativa responsável e atenta.

*Em bom rigor é a 2ª vez. Em tempos idos mandei uma carta ao Director que foi publicada, e não, não era a dizer mal do senhor. Ainda há esperança, sempre. Para já, pela parte que me toca, agradeço a disponibilidade.

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Economia Política

O Governo reagiu bem

Julgo que é positiva a decisão hoje anunciada pelo Governo de discriminar positivamente os utentes dos transportes colectivos ao garantir o congelamento dos preços dos Passes Sociais, uma medida em linha com o que o MEP defendeu na passada segunda-feira:

“Dois dias depois do MEP ter feito um apelo público para que o Governo não autorizasse o aumento dos transportes públicos, suportando os custos do serviço público de transportes o Primeiro Ministro anuncia no Parlamento, o congelamento dos passes sociais até Dezembro. O MEP tinha razão!”

In MEP.

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Educação Política

Os vários significados da palavra "fusão"

As opiniões sobre a fusão dos dois ciclos vão-se sucedendo. Por exemplo o pediatra Mário cordeiro, citado pelo jornal Sol acredita que a passagem actual do 1º para o 2º ciclo tanto pode ser “muito estimulante” (parece ter sido o meu caso pessoal) quanto “muito mau e extenuante“. Que se lixem os que ficam muito estimulados, preocupemo-nos com os problemáticos? Tudo bem, mas não obrigando todos a beber do doce e almofadado mundo. Não sei o que é pior…
Mas adiante, julgo que consigo entrever das citações de Mário Cordeiro uma perspectiva bem mais inteligente do que a que nos é sugerida até aqui. Mário Cordeiro propõe a “fusão”, mas se bem percebo um outro tipo de “fusão”, um gradualismo que não destroi o actual ponto de chegada, nem adia os momentos de passagem:

“Por isso, propõe que no 1.º ciclo do básico os alunos possam ter já dois ou três professores para matérias distintas: letras, matemática e ensino artístico.”

Ou seja, desde cedo fazer acompanhar o professor principal, por outros colegas, poucos, para algumas áreas de especialidade. Suponho que chegados ao 5º ano de escolaridade o choque não se revele tão grande, podendo ingressar no 2º ciclo nos moldes actualmente existentes e sem a tal fusão total que levaria as crianças a chegarem aos 12 anos com apenas dois ou três professores e inseridas no mesmo ambiente com que haviam começado a escolaridade (convivendo, claro, com putos de 5 e 6 anos). Convém não desencadear traumas previsíveis com o pretexto de acabar com outros. Uma criança de 11 ou 12 anos pode causar traumas sérios a petizes de 5 ou 6. Tal como se antecipa que podem causar professores batidos e preparados para o 2º e 3º ciclo em professores do 1º…
Confesso que quando li pela primeira vez a proposta de fusão me ocorreu logo a ideia de adiar os chumbos, protelando ano após ano a correcta aferição de conhecimentos que tem feito escola por aqui. Uma lógica à qual me custa atribuir qualquer bondade.

Mas se formos por aqui, (pelo proposta que entendo feita por Mário Cordeiro), por uma aproximação que se faça durante o 1º ciclo, talvez no 3º e 4º ano, já me parece uma “fusão” benigna, suprindo de caminho algumas limitações patentes nos professores do 1º ciclo e, não ignorando, que é também de passagens e de mudanças que uma criança cresce. É claro que a palavra fusão, neste contexto, me parece descabida, e provavelmente nem é defendida pelo pediatra.
Um assunto a continuar a acompanhar.

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Educação Política

Importa-se de repetir?

Ok, acabou-se o benefício da dúvida:

“Este modelo permitiria articular a exigência da competência disciplinar face ao crescente desenvolvimento do conhecimento sem relegar para um plano secundário a importância do vínculo pedagógico, da relação de pessoalidade e do conhecimento interpessoal que a actual organização do ensino desestabiliza com a entrada do aluno no 2º ciclo do ensino básico”

Esta é um citação escolhida pelo Expresso do tal estudo que promove mais uma reforma no ensino: “Manter o mesmo professor até ao 2º ciclo“. Como alguém me dizia: mais uns que ligaram o complicómetro.

Em jeito de rodape:

“O estudo reconhece, no entanto, riscos com a fusão dos dois primeiros ciclos do básico: uma possível descoordenação das equipas multidisciplinares e uma eventual influência disciplinar e académica dos actuais professores do 2º ciclo (alunos dos 06 aos 09 anos) sobre os do 1º (10 e 11 anos), entre outros.”

Salva-se isto:

“O documento recomenda ainda o alargamento dos apoios destinados às crianças dos zero aos 3 anos de idade, a profissionalização das amas, uma melhor oferta de ocupação de tempos livres e uma articulação entre serviços sociais e serviços educativos que “ultrapasse a tradicional associação de serviços de carácter social às populações mais carenciadas e de serviços educativos às mais favorecidas”.

Aliás, “desarticulação” é a palavra mais usada pelos autores do estudo para resumir as “áreas problemáticas” da educação das crianças dos zero aos 12 anos, por exemplo entre as políticas que influenciam a vida das crianças: saúde, segurança social, educação, família, emprego, etc. “

E que pena tudo isto ir ficar para segundo plano perante o disparate que faz as manchetes. É assim que também se destrói o impulso político para fazer o que é preciso.

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Educação Política

Eis o meu trauma com a passagem do 1º para o 2º ciclo do básico

Tive uma excelente professora no 1º ciclo do básico, então escola primária. A professora Manuela soube-me incutir noções indispensáveis de justiça e da importância da proporcionalidade para equilibrar desvios de carácter. Ensinou-nos como é possível ser respeitado sem recorrer a tácticas intimidatórias, soube apoiar os que precisavam de mais apoio gerindo de forma equilibrada toda a turma e de forma diferenciada de acordo com as dificuldades de cada um nas diversas matérias que leccionava. Promoveu visitas de estudo, conquistou a amizade e admiração de todos os alunos durante os quatro anos em que nos deu aulas. Foi uma excelente funcionária pública da escola básica Nº 1 de Mem Martins (escola-piloto).

Muito do melhor da minha infância passou-se naqueles anos. Mas recordo também a felicidade, a ansiedade e o orgulho de já ser mais crescidinho que foram pontuados pela ida para uma nova escola com muitos novos amigos e com um corrupio de professores que ensinavam coisas muito diferentes e que nos exigiam cada vez mais responsabilização pelos nossos actos, sendo crescentemente menos paternalistas. Novos amigos, uma nova forma de ir para a escola (agora de autocarro, antes a pé, mais longe da minha querida mãe galinha), novas matérias (na altura começava-se a aprender línguas estrangeiras no 2º ciclo, o ensino preparatório), sete ou oito professores diferentes, alguns deles homens! Que diferença, que excitação, que bom ter ido para a escola Visconde Jerumenha, então no meio dos eucaliptos na Tapada das Mercês!

É por isto que não entendo estes dizeres: “Transições muito bruscas – Investigadores defendem fusão entre o 1º e 2º ciclos do ensino básico “. Transições bruscas? Rupturas? Traumas?! Expliquem e justifiquem como quiserem e convençam-nos da bondade da decisão mas por favor deixem o trauma de lado. Nós nascemos (provavelmente o acto mais traumático de toda a nossa existência – em todos os sentidos), vivemos e morremos. Saber lidar com o trauma é o nosso modo de vida!
É que com argumentos destes desconfio que o Paulo Rangel há-de ter alguma razão no que escreve: “Sistema de ensino: rumo à infantilização crescente“.
Como disse acima, mudar da escola primária para a preparatória foi de facto traumático, mas no sentido que descrevi. Se há coisa que sinto cada vez pior na escola é a sua incapacidade em preparar as crianças para o mundo real, para os traumas que desejavelmente terão pela frente se viverem o suficiente. A escola não pode ser vista nem como uma fábrica de pequenos adultos, nem como uma bolha habitada por seres desprovidos de sistema imunitário. E eu confesso que o discurso clínico, a tresandar a psicologias da pior lavra que tantas vezes preenche os estudos que têm sustentado reformas atrás de reformas, me causa enormes alergias e é já de si factor para ficar de pé atrás também quanto a este.
Fico também com a sensação que andamos em torno do acessório escapando-nos o essencial. Enfim, diria que no que há para fazer no ensino português, a fusão entre 1º e 2º ciclo estaria longe de ser uma das minhas prioridades ditadas pela intuição. Vou ainda assim tentar dar o benefício da dúvida e aguardar por mais esclarecimentos quanto às intenções.

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Economia Política Saúde

Evitar subidas de tarifas nos transportes colectivos como primeira prioridade

Enquanto o processo de recolha de assinatura prossegue a bom ritmo recorrendo exclusivamente à prata da casa – a experiência na Alameda das Universidades no passado Sábado foi deveras enriquecedora quanto ao sentimento de vários portugueses “tipo” face a uma alternativa política via novo partido – o MEP vai progressivamente anunciando o que faria diferente quanto a questões que de alguma forma vão marcando a agenda política nacional.
Quanto à questão das listas de espera para cirurgia de oftalmologia o MEP defende que:

MEP - Melhor É Possível

“(…) Tendo como alternativa a disponibilidade do Terceiro sector, particularmente das Misericórdias, para compensar as limitações do SNS, tal possibilidade – em situação de igualdade de custos – deve constituir a primeira opção, pois reforça o sector não público e potencializa recursos adicionais ao SNS. Reflete ainda uma visão “não-estatizante” que reforçaria a oferta de cuidados de saúde aos portugueses.
Se lamenta que esta iniciativa seja tão tardia, resultando de uma resposta reactiva às iniciativas de alguns autarcas em enviarem para tratamento no estrangeiro, alguns dos seus concidadãos.
O Estado tem obrigação de garantir a todos os portugueses, cuidados de saúde de qualidade e adequados no tempo e no espaço. Isso não equivale, porém, a que sejam os hospitais públicos a terem o exclusivo dessa prestação de serviços. Neste caso, o Governo decidiu mal. O MEP faria diferente.”

Quanto à questão dos preços dos transportes e dos combustíveis a aposta é no reforço da diferenciação de custos dos transportes colectivos face ao transporte particular:

“(…) 3. O MEP, perante a necessidade de estabelecer prioridades nas formas de intervenção do Estado, defende que este deve suportar o aumento das tarifas dos transportes colectivos justificado pelo actual cenário de incremento acentuado dos respectivos custos operacionais.
Esta medida permite, com vantagem sobre uma descida indiscriminada dos preços dos combustíveis:

    • Reforçar a competitividade dos transportes colectivos sinalizando que representam uma forma mais racional de utilização dos recursos por parte da comunidade;
    • Discriminar positivamente os utentes dos transporte colectivos, entre os quais cremos estarem sobre-representadas famílias com maiores dificuldades económicas e para as quais este tipo de transporte é cada vez mais o único de que efectivamente dispõem.
    • Melhorar a sustentabilidade ambiental através do estímulo à utilização dos transportes públicos os quais reduzem os impactos negativos, sobre o meio ambiente, da mobilidade humana.

(…)”

A alternativa está aí, a aparecer e a construir-se passo a passo acreditando que é possível fazer melhor pela via política nacional e, claro, pelo país.

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O caneco está onde começa o arco-irís

O caneco está onde começa o arco-iris

No ano passado fomos brindados com uma cacimba teimosa que a espaços se combinava com o sol e nos oferecia mini arco-íris. Hoje, a chuva caia em aguaceiros, mais pesada e apenas no final dos 120 minutos, precisamente ao soar o apito final, já com a iluminação artificial ligada, surge o arco-íris esplendoroso dando a ilusão de ligar os dois topos do Estádio. É caso para dizer que o caneco está mesmo onde começa o arco-íris.
Eis uma meteorologia engraçada a acompanhar o palmarés do Sporting.
Sporting - Vencedor da Taça de Portugal 2007/2008 Uma curva belíssima

Sporting - Vencedor da Taça de Portugal 2007/2008 - Na tribunaUma equipa fantástica

Para a história das superstições pessoais junto os vários prenúncios: arranjei bilhete quando já não esperava e vi o talismã José Diogo Quintela no mesmo sítio nos dois anos, à entrada do estádio 😉

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Desporto

O Francisco José Viegas é que a sabe toda…

Escrevia por aqui, com alguma azia mas com desportivismo* no ido 18 de Janeiro de 2008

“# # 1 Francisco J Viegas Says:
Janeiro 28th, 2008 at 11:0 e

Parabéns. Ponto. Jogaram e marcaram. Ponto. Lá nos vemos em Maio. Abraço.”

O amigo lá sabia, por artes que não domino, que haveriamos de nos “ver” no Jamor, em Maio. Secos. Dois. Vai buscar!

FC Porto - Taça de Portugal 2007/2008

FC Porto - Taça de Portugal 2007/2008

* Pegando numa rábula de hoje d’Os Contemporâneos eu diria que o adepto do Porto tem por regra muitas semelhanças com a Vanessa Fernandes. Há uma ligeira diferença, a Vanessa tem “falta de desportivismo” porque só sabe ganhar, os jesualdos andrades têm falta de desportivismo porque não sabem perder. O que é certo é que perante o topo Sul despido, ainda com a bola a rolar, lembrei-me de outros azuis hoje no final do jogo, dos de Belém. Que diferença…