No Kontratempos encontra-se uma pérola:
" Quando o Titanic se afundou nas águas frias e fundas do Atlântico Norte, 74% das mulheres sobreviveram enquanto 80% dos homens morreram. «Women and children first», lembram-se? Em 1912, a modernidade ainda não tinha sido desconstruída."
Agora ide lá e descobri o título.
8 replies on “Contra Tempo”
É de facto 5 estrelas.
mouseOver “o titulo” basta 😉
🙂
O que significa “Em 1912, a modernidade ainda não tinha sido desconstruída.”? Nao percebo esta frase.
Postas assim as coisas (tentando ridicularizar a quotas)o que se passou no Titanic foi um acto anti-paritário.
Mas se calhar é melhor perguntar ao autor lá no blogue dele.
Eu sei o objectivo do texto, mas já se deram conta que a frase é obscura? No meu sentido de humor particular quis encostá-lo ‘a parede e perguntar-lhe se sabe explicar o que aquela frase significa ou se é uma frase efeito. Soa bem. Eu penso que é a segunda, porque sinceramente, paridade é a desconstruçao da modernidade???? What the fuck?
Claro que é obscura 🙂 Claro que é uma frase efeito! (pelo menos para mim que não distingo um pós-moderno de um escaravelho perguiçoso). Mas pode ser que o TBR discorde, e afinal ele é que foi o autor.
A mim seduziu-me a pompa da frase final, mas particularmente a curiosidade estatística (um fetiche muito cá de casa). De qualquer forma, e bem vistas as coisas, ainda bem que me deu pretexto para este comentário, Gabriela. Volte sempre “descontruindo” estas… concessões.
Bem, esta seria uma discussão para termos delongadamente em torno de um copo. Na impossibilidade, diria que o post remete para uma disputa ideológica entre os referenciais da modernidade e os da pós-modernidade, que se conflitualizam antes de mais nas ciências sociais. A pós-modernidade, com a quebra das narrativas históricas, assume a radicalidade do relativismo, da subjectividade e da alteridade, esquecendo-se muitas vezes que é filha da modernidade (o caso dos cartoons foi paradigmático). Segundo Giddens, a modernidade interliga-se com as instituições e modos de comportamento estabelecidos na Europa após o feudalismo, mas que mundializaram o seu impacto no século XX. A modernidade será essencialmente uma ordem pós-tradicional que a contemporaneidade vem decompondo em conceitos como desterritorialização, pós-fordismo, acumulação flexível ou incerteza. Ulrich Beck também é um autor relevante na rejeição da teoria pós-moderna.
À esquerda, a ideia das quotas insere-se precisamente numa lógica de valores pós-modernos, por oposição a valores estruturantes consagrados pela modernidade. A pós-modernidade, largamente assente no contexto social pós-1968, integra portanto uma disputa mais ampla nas esquerdas mas também na academia e nas ciências sociais. O meu post, claro, foi só uma provocação.