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Letras e Livros Palavras dos Outros

Escrever

Dois posts para a Tati, sobre palavras, da autoria de Vergílio Ferreira (do livro “Escrever”, Bertrand Editora”):

30 Poupa as tuas palavras, guarda as melhores para o fim como o bocado num prato. Qual a última de que te vais servir? Não a imaginas. Mas a última que disseres ou pensares deve resumir-te a vida toda. Vê se a escolhes bem para remate do que construíres. Quando olhas a catedral o que fitas mais intensamente é o cimo das torres.”

39 Quais são as tuas palavras essenciais? As que restam depois da toda a tua agitação e projectos e realizações. As que esperam que tudo em si se cale para elas se ouvirem. As que talvez ignores por nunca as teres pensado. As que podem sobreviver quando o grande silêncio se avizinha. As que terás talvez dito na confusão das que disseste. As que talvez sejam só uma por qualquer outra ser demais. A que é impronunciável por ser demais o dizê-la na exterioridade do dizê-la. A que se confunde talvez com a simples emoção de a dizer. A que talvez nem exista ainda antes de a inventares. A que, se a inventares, deixará logo de te pertencer. A que está antes da que te aflora mesmo ao olhar. A que é a identidade de ti quando a morte já tiver vindo quando a quisesses saber. Qual a tua palavra essencial que o próprio Deus desconhece?”

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Desporto

Por motivos de força maior sou obrigado a interromper as férias

Os melhores 45 minutos da minha história de idas a Alvalade aconteceram hoje, há poucos minutos.
Ninguém foi visto a sair do Estádio a 10 ou mesmo a cinco minutos do final. Poucos deixaram de aplaudir a equipa terminado o desafio e o metropolitano permaneceu estranhamente vazio aguardando pacientemente quem insistia em pular no estádio e saudar a espaços a bancada norte, pintada de vermelho.

Sporting na final da taça de Portugal, 2007/2008

Depois de aguentar com um escocez ébrio a martelar-nos o juízo no último jogo da UEFA, hoje calharam-me na rifa vários simpáticos benfiquistas que nos devolveram com juros o empenho, dedicação, devoção e glória que uma equipa neurótica alcançou após dar dois de avanço.
É obra para a história.
A Mónica que quis hoje estar no estádio, pede agora ao seu Porto para dar mais uma ajuda ao Benfica rumo aos tempos modernos. Amen. A bem do futebol.
Só eu sei porque não fico em casa 😉

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Blogologia

Férias

O Adufe vai encerrar para férias. O regresso está agendado para Maio. Até lá, fiquem bem.

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Desporto

3 dias do Senhor, 4 jogos em Alvalade, uma chapelada para Coroado

““Quando já tinha advertido o Vítor Baía com um cartão amarelo e estava junto da marca de grande penalidade, o meu assistente correu para o centro do terreno e deu-me a indicação de que a falta tinha sido ao contrário, mas já tinha advertido o jogador do FC Porto e já estava na marca do penálti e não voltei atrás“
Jorge Coroado em “O Apito Encarnado Sou Eu“.

Quatro jogos em Alvalade no espaço de uma semana não é, espantosamente, uma novidade nesta época. Imaginem se os resultados do Sporting em casa nesta época fossem similares aos da época passada. A crise por que o Sporting passou teria sido uma brincadeirinha.
Desta vez vou marcar presença nesta epopeia em três actos. O prólogo no passado Domingo não poderia ter sido melhor. Amanhã acompanhem-me no primeiro acto. Como se o Sporting fosse o Celtic e o o Glasgow o Benfica.

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Economia Lisboa

Parquímetro e engarrafamentos: as melhores portagens do mundo

Engarrafamento(…) Mas gostava de tocar ainda num ponto fundamental. Se é caro e desgastante usar o carro, por exemplo para quem vem de Sintra, e se o utente é racional, o que se pode fazer? A menos que se pense em aumentar a capacidade de resposta do comboio – que na hora de ponta tem já muito pouca folga para acomodar mais utilizadores – a solução passa por promover, ou a relocalização dos empregos para junto das aglomerados urbanos, e/ou promover a relocalização das pessoas para perto do seu local de trabalho. Não há volta a dar. Se não se for por aí podem vir milhares de esquemas de portagem, podem vir mais e novas estradas, podem gastar o que não temos a fazer mais e mais linhas de comboio, podem apregoar aos sete ventos a necessidade de proteger o ambiente que o resultado será o mesmo: as pessoas continuarão a ter de se deslocar de forma pouco eficiente e extremamente dispendiosa. E notem que as casas devolutas já existem hoje, não surgirão amanhã caso as pessoas regressem à cidade; apenas estarão em sítios diferentes.
E aqui, no centro de Lisboa (que não na periferia) os transportes públicos ainda se pautam por andar quase sempre às moscas, a Carris então… (…)”

in Economia & Finanças

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Saúde

Psoriase – um doença que não mata mas moi, literalmente

A psoríase é uma doença auto-imune sobre a qual há poucas certezas. Uma das mais incontestadas é que não é contagiosa. Afecta essencialmente a pele e pode em alguns caso provocar dor física e psíquica. Tanto quanto sei (ainda) só há paliativos, geralmente dispendiosos, mas há uma indústria em busca de curas (fruto da incidência entre população branca e com poder económico para tentar a cura). Eis a notícia do jornal SOL:

” Mais de um quarto dos doentes com psoríase tem outras doenças associadas, como diabetes, colesterol alto e hipertensão, revela o primeiro estudo nacional sobre o impacto desta doença crónica de pele na qualidade de vida dos doentes”

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Desporto

"Quem tem 18 anos já viu o FC Porto ser campeão 12 vezes"

E viu o Benfica ser campeão três, o Sporting duas e o Boavista uma.
E parece que também verá em breve uma mancha negra de corrupção carimbada em definitivo sobre o emblema azul e branco. Espero nunca ver o Sporting com tais problemas de tinturaria.
Este ano não me apetece dar os parabéns ao Porto, deixo esse serviço para quem tenha menos azia.
Mas o que interessa mesmo é que os Vitórias não ganharam e a esperança é verde e branca.
Força Boavista!

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MEP Política

Martinho Lutero Rei

N’Melhor é Possível (MEP, confundir com MEP – Movimento Esperança Portugal) deixam-nos a indicação de uma efemérido que me passaria despercebida. Faz hoje 40 anos que foi assassinado Martin Luther King. Sendo reconhecido por tantos pelo sound bite “I have a dream” vale a pena (re)acordar com estes trechos de profecia: I’ve been to the mountaintop I e II.

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Economia Política

‘Bora lá descer o IVA 250 milhões de Euros este ano!

‘Bora lá descer o IVA 250 milhões de Euros este ano!
Isso vai ajudar directamente as famílias pois pagarão os produtos mais baratos, ajudará as empresas porque tornam os seus produtos mais atraentes (por exemplo para quem nos visita) e contribuirá para devolver imposto aos que sofreram com os aumentos anteriores do IVA.
Mas será que não é possível fazer melhor com esse dinheiro?

Precisão 2Por um lado, há a percepção (acho que há mesmo estudos) que indicam que uma mexida num imposto indirecto como o IVA (um imposto que não incide directamente sobre o rendimento mas sobre o uso que dele se faz) tem um reflexo mais forte sobre o preço final dos produtos quanto a taxa do imposto sobe do que quando ela desce. Ou seja, é a tal história de que quase todos os vendedores aumentam o preço final quando o IVA sobe, mas muitos ficam com parte da descida não descendo o preço final quando a taxa de imposto é reduzida.

Por outro lado, as empresas interessadas efectivamente em ter produtos mais baratos, queixam-se de que a descida é tão insignificante (menor do que qualquer uma das últimas duas subida do IVA) que não esperam conseguir reverter a competitividade fiscal que perderam.
Note-se ainda que não desceu o IVA todo, mas só aquele que subiu, ou seja, só desceu a taxa sobre produtos que o legislador fiscal não considera essenciais pois esses ou tem isenção ou tem taxa reduzida de 5%. Assim sendo, são aquelas famílias que têm uma estrutura de despesa (e um rendimento) que lhes permite comprar significativamente mais do que apenas os essenciais que notarão (potencialmente) a descida do imposto.
Há ainda a questão de que afinal o défice não está definitivamente resolvido pelo que é ainda necessário manter a pressão sobre as receitas e sobre a despesa. Daí que ao mesmo tempo que se anunciava a descida do IVA se estava a garantir uma aproximação das regalias dos funcionários públicos aos do regime geral em termos de política de baixas médicas, uma aproximação que objectivamente deverá reduzir os encargos do Estado. Em quantos milhões?*

Olhando para isto e recordando a angústia do Primeiro Ministro quando assumia que era de toda a justiça social reforçar o complemento solidário para o idoso mas que só podia ir até ali pois não havia capacidade orçamental, dá que pensar se a equidade social não aumentaria muito mais se com os mesmos 250 milhões de Euros passassem a ter mais 30 a 60 mil desses idosos com um fim de vida mais condigno com os padrões mínimos de humanidade que queremos para qualquer ser humano e particularmente para os nossos compatriotas.

* Não estou a criticar esta medida apenas a deixar um sublinhado para um outro artigo que se seguirá sobre este tema.

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Economia Política

Recomendação de compra

Eu se fosse a si, que gosta de comprar acções, consideraria a compra de acções da Mota-Engil numa perspectiva de médio-longo prazo. Cá por coisas.

Às 10:30 do dia 3 de Abril a Mota-Engil seguia a subir 2,4%, sendo o título com a maior valorização
no momento de entre os do PSI 20. É apenas uma curiosidade.

Mas vamos à vaca fria: a ida de Jorge Coelho para Mota-Engil é criticável? Em si não, pelo menos enquanto não nos dispusermos a pagar a todos os que sejam/tenham sido ministros o respectivo vencimento vitalício para que não exerçam qualquer actividade profissional na área onde foram governantes. Pessoalmente, não acho interessante esta hipótese de subsidiar de forma vitalícia todos os que exerçam cargos políticos relevantes ao ponto de os incompatibilizar com uma vida normal só porque foram governantes/representantes.
O que será sempre criticável é que na adjudicação de obras, o peso político do nome do CEO de um dos concorrentes seja um critério de favorecimento. É aí que devemos ser exigentes, eu diria mesmo implacáveis. Como fazer isso? Garantindo que o parlamento tenho meios e representantes que sejam motivados pelo estrito respeito pela coisa pública. E exigindo ao Estado a máxima transparência na divulgação de toda a informação relativa ao processo de tomada de decisão, nesta e em todas as outras matérias. Uma área onde temos um imenso caminho pela frente.