Se sabe cozinhar, passe adiante, este post não lhe interessa.
Se não sabe se sabe, talvez ache interessante para sentir o ego reforçado no final.
Se não sabe, leia e despeja a sua ira na caixa de comentários caso no final esteja no mesmo ponto de ignorância com que iniciou a leitura.
Pois é, o Adufe regressa à cozinha.
Como primeira entrada na reentré da categoria de Gastronomia sugere-se a receita de Polvo para Preguiçosos.
Ingredientes (medidas aproximadas)…
Um polvo congelado com cerca de 1 kg (pode ser um pouco mais pequeno)
500 gr de batatas (5 ou 6 batatas médias)
Alguns alhos (a gosto)
2 Cebolas grandes
Sal
1 dl de leite
1 dl azeite
Pimenta (moer no momento)
20 a 30 gr de manteiga
1 Ovo
Coentros (a gosto)
Vinagre (facultativo)
Noz-moscada (facultativo)
Alguns Instrumentos:
Fogão a funcionar
Tacho largo
Panela de Pressão
Garfo
Faca
Descascador de Batatas (afinal é polvo para preguiçosos).
Leia a receita totalmente antes de começar a cozinhar. Vai ver que poupa tempo…
Confeccionar o polvo:
Tire o polvo do congelador e ponha-o na panela de pressão*.
Junte uma cebola inteira ao polvo; basta descasca-la.
Feche a panela e ponha ao lume. Nos primeiros minutos pode manter o lume no máximo; assim que der sinal de fervura (o sinal depende dos aparelhos…) passe o lume para moderado e deixe ferver durante 20 minutos. Apague o lume e deixe a panela libertar a pressão (caso contrário pode queimar-se com o vapor). Garantida a segurança, abra a panela, retire o polvo e corte em bocados suficientemente grandes para darem que fazer a metade dos seus molares de cada vez (parta em bocados não muito pequenos). Enquanto o polvo arrefece um pouco para o poder cortar, aproveite para retirar o que resta da cebola que acompanhou o polvo na fervura, mas faça-o sem escoar o caldo que existe na panela.
Uma vez cortado o polvo volte a introduzi-lo na panela. Adicione uma cebola grande cortada em oito gomos (se não forem oito pode deitar tudo para o lixo pois acabou de arruinar a receita**), vários dentes de alho lascados, sal e pimenta a gosto e cerca de 1 dl de azeite. Pode também juntar um pouco de vinagre, suponho que adivinhe o efeito por isso a escolha é sua.
Ligue o lume e deixe ferver com a panela aberta até se evaporar toda a água. Convém ir mexendo de 5 em 5 minutos. O cozinhado está concluído quando o polvo e seus acompanhantes estiverem apenas a fritar no azeite.
Acompanhamento:
Puré de batata simples
Se não for demasiado preguiçoso esqueça a máquina de picar ou o passe -vite e obviamente esqueça o puré de batata de pacote (blhec!). O garfo será o seu melhor amigo.
Ponha um tacho com água ao lume, a suficiente para que uma vez depositadas as batatas descascadas estas fiquem totalmente cobertas de água.
Junte uma pitada de sal e deixe ferver cerca de 10 minutos. Verifique se as batatas estão cozidas espetando-lhes um garfo. Se estiverem muito rijas deixe ferver mais um pouco (não se esqueça que o objectivo é desfazê-las batatas com o garfo).
Cozidas as ditas, escoe a água totalmente e adicione para dentro do tacho uma noz (20 a 30 gr de manteiga) que se deverá derreter rapidamente. Enquanto derrete ponha o garfo em acção esmagando as batatas energicamente. Depois de ter esmagado pelos menos uma vez todas as batatas junte o interior de um ovo de galinha dentro do prazo e misture o dito com os restos de batata que aproveitará para massacrar mais um pouco. Feita a mistura junte cerca de 1 dl de leite (pode ser meio gordo ou gordo) e massacre de novo as batatas. Junte uma pitada de noz-moscada se for fã da dita (caso contrário, esqueça este concelho). Depois de uma última mexidela deverão restar poucos e pequenos grumos de batata no meio do puré que não deverá estar excessivamente cremoso (não abuse do leite!).
Sirva o puré no meio do prato e forme um pequeno vulcão com uma generosa cratera no seu centro (quem disse que era feio brincar com a comida?). Os polvos gostam de se abrigdo deste género do seu polvo.
Colocadas as respectivas doses de polvo no centro do vulcão polvilhe com coentros frescos picados a gosto.
Escolha a sua bebida favorita (hoje experimentei uma água fresca colehita da EPAL e estava soberba) e sirva-se.
Bom apetite.
Umas ameixas da época assentam muito bem como sobremesa.
Ou uma ou duas maçãs bravo esmolfe…
Mas também podia ter sido uma sericaia com ameixas de Elvas…
Como digestivo, se apostou na bravo esmolfe, que tal um cálice de ginja de Óbidos (recomenda-se vivamente da marca Oppidum) a seguir (ou antes) de um belo café expresso.
* Recomenda-se a compra de polvo fresco* que depois de bem lavado pode congelar (mas também pode comprar congelado, escolha apenas embalagens que não apresentem quantidades significativas de gelo, de preferência embaladas a vácuo e sem gelo visível). Quando prepara o polvo para congelar não bata no polvo que ele não lhe fez mal nenhum: não é preciso o processo de congelação trata-lhe da saúde à rigidez das fibras – a menos que você esteja com a neura e precise libertar energias, nesse caso, esteja à vontade.
Se vive em Lisboa, a Praça/Mercado de Arroios não me tem deixado mal. Se se assusta com o preço que o polvo pode atingir digo-lhe que consegue uma pechincha se for suficientemente preguiçoso e se tiver alguma sorte. Passo a explicar: dirija-se à praça num Sábado (dia de maior afluência/rotação de todos os produtos) por volta das onze (não convém ir mais cedo) e pergunte o preço do polvo (mesmo que este esteja bem visível à frente dos seus olhos), a essa hora poderá conseguir:
a) uma resposta torta (nunca me aconteceu)
b) um bom negócio e até maior disponibilidade por parte do vendedor para lhe amanharem o molusco na perfeição (bem esfregadinho e lavadinho). Foi assim que comprei o que devorei hoje.
Não será o horário ideal para comprar os melhores vegetais na praça mas… nem todas as semanas se compra polvo. Ah. Não se esqueça que mesmo sem darem desconto para a gasolina, a fidelização do cliente é uma preocupação que os bons vendedores tradicionais sabem que devem usar. Com sorte encontrará o vendedor certo para si 😉
** Estava a brincar.