Só para que conste continuo a afastar-em cada vez mais da igreja católica e de alguns católicos. A defesa que vou ouvindo do que se está a passar em Dili (Timor Leste) vai ajudando. Por outro lado, não esqueço a autêntica lavagem cerebral a que (outrora?) sábios católicos se parecem ter entregue. Por momentos parecem acreditar que o espirito santo determinou 2000 anos de nomeações papais. Se assim for, dizer que Deus escreve direito por linhas tortas é claramente um dos maiores “understatements” da história (refiro-me ao grau de sinuosidade das linhas).
E mais não digo que os tempos recomendam a reflexão dos ateus/hereges/agnósticos. Ao menos alguém que consiga fazer esse trabalho de casa. Muito em breve teremos um tempo para a palavra.
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3 replies on “Sem saudades da Idade Média e das Cruzadas”
“Presunção e água benta cada um toma a que quer”. Assim é, assim sou. Presumido q.b., água benta nem por isso.
Crente ou agnóstico? Com fé ou com uma fézada?
Agnóstico e ateu será o mesmo?
Um olhar no dicionário mostra-nos que não. O agnóstico declara inacessível o absoluto ao espírito humano (não o nega, portanto). O ateu é um descrente, aquele que não acredita na existência de Deus. Parecem conceitos simples mas tentem levá-los até às últimas consequências, há pontos onde se confundem, outros onde se contradizem e por último parece quase impossível ter-se uma ideia de Deus e este não existir. Até porque como humanos a concretização do pensamento só adquire substância num plano real, é, virtualmente, impossível concretizarmos o irreal.
Quando falo de Deus, como é óbvio, não me refiro à Santíssima Trindade de Santa Margarida da Coutada (o Divino Espírito Santo), não, refiro-me à ideia de Deus como ser supremo. Uma árvore, para alguns, o mar, para outros, deuses com características humanas (que aparecem em todas as grandes civilizações que hoje conhecemos) etc, etc, etc. (penso que deu para perceber a ideia).
Quer queiramos quer não a nossa identidade (ocidental) está ligada a uma moral judaico-cristã, os nossos valores “movimentam-se” dentro desse quadro de valores, quer tenhamos ou não consciência deles. O certo e o errado. O bem e o mal. A culpa e a desculpa. Em última análise remetem-nos sempre para um referente. Dum lado o peso do outro o “pesado”, não é por acaso que o símbolo da justiça é uma mulher vendada segurando uma balança de braços. Tudo o que existe só faz sentido quando comparado. Um poeta popular – António Aleixo – (quase analfabeto) resume tudo nesta quadra: “Que diriam do honesto/ Se não houvesse o velhaco/ O forte vale e de resto/ O seu valor vem do fraco”.
A actual questão de Timor tem a ver com o Poder (assim mesmo com maiscúlas) é algo que não se dá, “vende-se” muitas vezes caro. A Igreja timorense está errada digo eu confortavelmente a “teclar” mas que sei eu daquilo que os católicos timorenses passaram para serem livres? É fácil julgar quando estamos de fora. O que não impede que neste particular a Igreja (alguns católicos timorenses?) estejam, na minha opinião errados.
A Igreja é uma estrutura de poder, e como tal gosta de o exercer. Resta saber as motivações de cada jogada.
Foi mais ou menos esse discurso que fiz junto de alguns católicos e que levantou a maior das celeumas: quererem acreditar que a Igreja está além das relações de poder quando, na minha opinião, é das organizações humanas mais hábeis na sua manipulação. Dito isto, também me parece que em Timor andam a dar tiros no pé, se não por lá, pelo que de lá vem. Dá para pensar: tivessem no resto do mundo o impacto que têm junto da população Timorense, que tipo de atitude teriamos por parte da ICAR? Com exemplos destes, parece que basta olhar para a história para recolhermos a resposta.