A posição
Sempre achara um desperdício ver jogos de futebol. Incluia-se no clube dos incapazes de compreender o hábito de espreitar um monitor durante duas horas, perseguindo atentamente o comportamento de mais de vinte homens empurrando uma bola.
Se fosse a selecção fingia que se importava, fingia que havia um motivo mais forte, alguma compreensão solidária. Mas por um clube, não entendia, ou melhor, entediava-se.

O clube
A ter clube era do FCPorto, mais porque sim do que por qualquer outro motivo substancial. Se tinha direito a signo do zodíaco podia muito bem ter um clube, evitava-lhe ficar sem resposta à pergunta recorrente. FCPorto… Tradição familiar, talvez. Pelo menos de uma parte da família. Adiante.

A estreia
Um dia foi à bola pela primeira vez. Foi de facto. Comprou bilhete (na realidade ofereceram-lho – é justa a confissão), sentou-se na bancada central, tirou o telemóvel da bolsa, desligou-o e esperou pelo apito inaugural.
E o espetáculo começou. Ela, entre a personificação de um passageiro de avião em descolagem permanente e um espectador de cinema, ópera, teatro ou bailado, gostou.

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