Hoje foi a vez de chegarem ao Diário de Notícias:

Director do INE denuncia «mal-estar generalizado»
MÃ?RCIO ALVES CANDOSO

A polémica no INE está para lavar e durar. Horas antes de ver aceite a sua demissão (mas duas semanas depois de a ter pedido), Henrique Albergaria, então ainda director regional do centro do organismo português de estatística, escrevia aos agora pares uma carta contundente sobre o que, na sua opinião, está a degradar a situação interna no INE. Denuncia o «mal-estar generalizado que germina [no INE] há bastante tempo, e que a nova Direcção teve a inabilidade de exacerbar, tanto por decisões erráticas que foi tomando como por óbvias dificuldades de comunicação». Em causa, recorde-se, estão algumas decisões recentemente tomadas no interior do INE, que retiram, lato senso, competências às direcções-regionais daquele instituto.

Na mira de Henrique Albergaria, na carta a que o DN teve acesso, estão essencialmente as conclusões do relatório produzido pelo consultor externo Roland Berger. O ex-director chama-lhe «retrato parcial e tendencioso», feito «em total sintonia com os desejos e a visão de quem lhe encomendou o trabalho», o que lhe delapidaria «irremediavelmente o capital de independência e credibilidade».”

“Henrique Albergaria acusa a Roland Berger de «ignorar» a existência de estudos internos anteriores, nomeadamente as Linhas Gerais da Actividade Estatística Nacional e Respectivas Prioridades para 2003-2007, um documento que o signatário considera «notável», e cuja omissão se apresenta como «uma das partes mais intrigantes do relatório». «Seja por complacência para com o adjudicante ou por simples insuficiência analítica, a verdade é que algumas das conclusões do relatório são de tal maneira toscas que acabam por contaminar todo o relatório», afirma Henrique Albergaria, um quadro com 12 anos de INE. Contesta essencialmente que a instituição esteja «virada para dentro», como alegadamente afirma a Roland Berger, e nega que os trabalhadores da casa estejam mais preocupados com prioridades pessoais e de carreira, outra das alusões menos simpáticas do estudo em referência. No entanto, não nega que a situação remuneratória e de carreiras tem «vindo a degradar-se nos últimos anos», o que explicaria alguma focalização no tema por parte dos trabalhadores (cerca de 800) do INE.

Algumas partes da carta são igualmente contundentes para a direcção de José Mata, que apelida de se ter tratado de «uma escolha infeliz», tanto pelo «insensato e ineficiente modelo centralizador que quer implementar», como por «características pessoais de um presidente que nunca parece à vontade em qualquer decisão que implique concertação e diálogo».”

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