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PS: de como os desertos têm oasis

Tipicamente, os partidos políticos só têm tempo para pensar quando não estão no poder (às vezes nem isso, arranjando-se uns expedientes de última hora que disfarçam a incapacidade revelada na travessia…), uma vez recuperado o poder haverá afinco inicial na implementação da reflexão feita e com o tempo acabam por recordar vagamente o ruído de fundo que sobrou dos ventos do deserto. Como digo, parece que tem sido assim, daí correr a percepção de que a veia reformista de um novo partido que chega ao poder se esperar que decaia de forma mais ou menos abrupta relativamente depressa.

Para todos os efeitos este pode e deve ser um tempo de criação, de certa forma de depuração (dizem que a esquerda democrática europeia anda meio perdida, sem portos de abrigo especiais onde encontrar grande inspiração) mas pode também revelar-se de imensa frustração. Tudo dependerá do ânimo com que se quer fazer política, dos incentivos de cada um, das prioridades de cada grupo e, fundamentalmente, do conhecimento que se tem do deserto, é que geralmente os desertos estão razoavelmente polvilhados por oásis. Razão e coração como dizia o outro, razão e coração para além do slogan de campanha.

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Alegre ma non troppo

É óbvio que o PS tinha que apoiar Manuel Alegre. Não sei do que é que estava à espera. Da fatalidade, do triste fado.
Não, não é votando em Manuel Alegre que me sentirei mais de esquerda e mais feliz. Lamento. Por várias razões é um mau candidato, muito pior do que foi há 4 anos quando votei em Mário Soares.
Desiludido com a gritante falta de visão do MEP e o seu empedernido conservadorismo nos costumes, definidor de um extremo; revoltado com a forma de fazer política (e com a própria política) do PS e demasiado farto da inevitável traição que o actual PSD pregará a quem acreditar que vem dali algo de genuíno (antes fosse liberalismo, mesmo), terei de ir às compras visando uns odres, mantimentos e cobertores. Faz imenso frio no deserto e nos países mal governados.
Para já, resta apenas o mal menor para me mobilizar no dia D. Muito curto, não me basta, mas que fazer? Talvez empreender.