Adoro oferecer prendas. Adoro receber prendas. Desconfio que haverá muito poucas civilizações presentes e passadas que não tenham reservado um momento, uma época para festejar colectivamente o amor. Acho inspirador o genuíno espírito natalício seja ele o pagão, seja o cristão, ou algo parecido que caiba noutra religião e que se comemore por estes dias.
Acho tristíssimo que a mensagem se perca, tal como acho tristíssimo que se ponham todas as culpas em cima do (inegavelmente poderoso) sistema de indução ao consumo patrocinado por quem quer vender.
Festejar o Natal não é hipócrita. Só é hipócrita quem diz festejar e ignora ou chega a abominar o que é suposto estar a representar. Desesperadamente triste é quem oferece prendinhas exclusivamente por obrigação. Por outro lado, acho revoltante que se confunda com estes todo aquele que quer festejar efectivamente. Uma festa que, sublinhe-se, é por definição transbordante. E aí, a culpa para o mau ambiente, meus caros, não está em quem é triste por si, está antes em quem só sabe apontar o dedo. Em quem não faz o mínimo esforço por compreender o que vê, em estudar minimamente os símbolos em presença, em quem vê na generalização todo um programa simplificado e perfeito.
A minoria existe – não sei sequer se é minoria, e nem isso é minimamente relevante – mas o que é certo é que existe, é que se anima, é que festeja de facto a partilha com os outros. Basta um para poder dar essa garantia.
A superioridade moral é uma coisa…
Boas festas!
P.S.: continuo tão herege como no dia em que fiz A pergunta.