Seguindo a sugestão do JPT publica-se um comentário meu deste post.
Também consigo perceber que seja fácil ver a hipocrisia de um pecador, um tipo cheio de defeitos como todos os outros, que vem de quando em vez deixar sublinhados éticos e morais expondo as contradições de outrem( veja-se o conflito de décadas que vai tendo com os media).
O engraçado é que ele não se situa noutro plano por mais que ele queira (será que quer?) ou que lhe queiram imputar.
Felizmente já o apanhei umas quantas vezes a gozar com o seu reflexo no espelho, tendo surgido muito pouca gente com a presença de espírito de topar isso. A figura para mim humanizou-se, digamos assim. E para isso a blogoesfera ajudou-o muito, até por lhe ter permitido, de alguma forma, reduzir as camadas de couraça com que habitualmente se vestia nas suas intervenções públicas.
Um dos divertimentos mais hilariantes foram os seus dez mandamentos para a blogoesfera portuguesa. E o modus operandi foi exactamente esse: partindo da crítica ao falso profeta de que era e é alvo e observando alguns exercícios anteriores complementados com a sua experiência no meio, divertiu-se com as 10 leis (basta ver a forma como as foi construindo para deixares de ter dúvidas quanto à auto-ironia).
Talvez o estimado vizinho seja demasiado blase e diletante mesmo (tantas vezes me tocou nos nervos e estou certo tocará), mas olhando para a fauna existente fica muitos furos acima da média e vai tendo alguns assomos de coragem e genialidade. Em relação aos media tem personificado na perfeição o "quanto mais lhes bato, mais eles gostam de mim", por exemplo, o que se diz algo sobre a figura, diz muito mais sobre os media e sobre quem os lê.
Convém aqui notar que mal ou bem acompanho JPP há mais de uma década nos media.
Mesmo que queiras reduzir a sua actividade à síntese (parasitária se bem entendo) do que vê e ouve (é preciso ver que assina: historiador) dá um bom cronista na linha dos que temos tido no passado com algumas das melhores qualidade e dos "melhores" defeitos.
Há poucos como ele tão capazes de manipular e usar com eficácia da retórica. Já terei caído na esparrelas alguma vez, mas é um risco calculado.
Digamos que terei muito gosto um dia em apertar-lhe a mão. Merece-me um reconhecimento muito maior do que aquele que nutro pela grande maioria dos políticos que temos à esquerda e à direita. É um inimigo político que não desmerece ninguém.
Em suma, acho que JPP é uma figura muito interessante e, sendo uma pessoa notoriamente inteligente, a alergia que provoca funciona de forma sedutora, pelo menos para quem adora uma estimulante contenda.
Agora, não é nem o meu oráculo, nem o meu guru. Não há nesta terra nenhum mortal que se conheça que me encha essas medidas. O problema é que é o oráculo e o guru para muita gente (para muitos órfãos políticos por exemplo), daí a marcação serrada de outros tantos e a relevância da sua denúncia."
Anónimos e não anónimos, como sempre, podem fazer a catarse/ dar opinião que bem entenderem na caixa de comentários.
2 replies on “Reciclando comentários a pedido (Revisto)”
Será preciso dizer uma vez mais e antes do mais que o tempo que se gasta ( que gasto)a glosar prosas do personagem, tem mais a ver com o símbolo de um certo discurso e com um certo perfil do que propriamente com a pessoa em si.
JPP é comentador que se intitula( ou alguém o fez e ele deixou) Historiador ( com H grande…é preciso ter lata!)e logo aí o ridículo pode atacar, fulminante.
Depois, como comentador, parece-me um bom diletante. Tirando a matéria estritamente politiqueira, os parâmetros que balizam as crónicas ainda nem estarão bem definidos. No tempo de Durão Barroso, era uma coisa. NO tempo de Santana, outra. Agora, ainda outra.
Quanto a ideias básicas sobre assuntos importantes ( Europa, Educação, Administração Pública em geral e reformas em particular) que podemos aprender com JPP que o não possamos aprender com maior proveiros, com outros, mesmo notórios, mas melhor preparados para estes assuntos?
As leituras de jornais e o acompanhamento do assuntos por via mediática, é um método ao dispor de muita gente, actualmente e que vai escrevendo opinião sobre esses assuntos, como acontece aqui neste blog e noutros.
Neste nível de opinião, a de JPP é perfeitamente similar à restante que se encontra disponível e talvez, em muitos casos mais interessante.
Neste campo, o tempo de JPP está a passar como sendo o da detenção de um isntrumento de influência ( raras vezes ouço ou leio alguém a citar o JPP como tendo dito ou escrito algo de relevante e distinto, digno de citação).
Será assim um perigo para a notoriedade de certos indivíduos como ele, o banalizar a exposição, mas também já não há remédio: ela está mesmo banalizada porque a escassez de opinião relevante que chegou a ser um facto, não o é mais.
Nos jornais de hoje, os comentadores respeitados, seguidos e lidos atentamente, são muito poucos e uma boa parte deles, sê-lo-á, não pelo saber que transmitem, mas pelo estilo de abordagem dos assuntos. É o caso de VPV e de António Barreto.
JPP, neste campo perdeu terreno e ainda bem que isso aconteceu, para bem do “espectro” social onde se podem recrutar opiniões e da renovação do leque de quem pode exprimir ideias sobre os assuntos da polis.
Infelizmente, o número e qualidade de comentadores disponíveis e conhecidos, não abunda. Nem na imprensa, nem nos blogs.
Haverá outros?!
Certamente. Mas onde páram?
Por aí, certamente.
O episódio JPP deve inserir-se neste contexto e por isso JPP figura como perdedor e é inevitável atribuir-lhe um estatuto de despeitado, por esta novidade que surge abruptamente até das caixas de comentários anónimos e que lhe desbastam o campo que julgava seguroa para continuar a mondar mais uns tempos.
COmo alguém já escreveu, JPP é também um bluff. E suspeito que sabe que o é.
Mais do que o será um MIguel Sousa Tavares, outro ocupante do espaço dos comentários.
O pior nisto tudo, é que há uma vertente pouco referida: o dinheiro, a fama e o proveito que resulta do mercado de comentadores disponíveis.
Se for verdade que um programa como a Quadratura dá qualquer coisa como 5 mil euros a cada comentador por mês, já se pode ver por aí, a importância que o couto tem para quem o ocupa e a preocupação em o não perder.
E sendo este um aspecto mais prosaico nesta polémica, também não é nada despiciendo e merece pelo menos uma menção.
Os tempos estão perigosos para os comentadores encartados e são agora estes “coglionis”, anónimos, anódinos e de pseudónimo em riste quem lhes aperta os ditos…num sentido figurado mas que eles sentem muito bem.
Enfim, o futuro apresenta-se radioso.
Bela nota final…