Mais leitura recomendada, agora na blogoesfera: É o Miguel Silva no Tempo dos Assassinos. A não perder!
" (…) Não pretendo adoptar uma postura hiper-moralizadora, para a qual não tenho convicção nem feitio, tal como não pretendo acusar toda a classe política de ser corrupta ou, no mínimo, mal formada. Mas as evidências apontam para uma realidade na qual o sector público tem vindo a beneficiar, de forma recorrente e muito pouco clara, determinados grupos em detrimento da esmagadora maioria da população. Perante a ilegalidade, é de importância fundamental adoptar medidas que limitem as oportunidades para o ilícito, ao mesmo tempo que se deve encontrar e punir adequadamente os infractores. Mas, para isso, é necessário também um sistema judicial a funcionar ao seu melhor nível, o que dificilmente se pode dizer que tenha vindo a acontecer recentemente. Assim, mais uma vez, para completar este longo périplo, voltamos a deparar-nos com a ineficiência dos serviços do Estado como principal entrave à prossecução do bem público. E, mais uma vez, as coincidências são mais que suficientes para que a desconfiança se imponha.
É seguramente difícil manter um nível de motivação com a causa pública quando esta parece não reverter a favor dos que dela mais necessitam. Torna-se difícil manter um nível elevado de interesse pela política quando os seus agentes parecem mais preocupados com os seus pequenos jogos e com os seus interesses particulares do que com o bem público. Por estas razões, talvez mais do que nunca, é necessário que os ânimos não se abatam, que o desinteresse não vença e que se exija mais e melhor. Não para a pátria, noção bacoca e abstracta, dada a interpretações numéricas dúbias, mas para as pessoas que neste país habitam. Deve ser para elas que a economia deve laborar. "
4 replies on “Há assuntos que nunca saem de moda”
Boa análise.
Pode até resumir-se numa frase:
É preciso que “O” cidadão (cumpridor) conte. Até agora só têm contado “uns” cidadãos.
Isso. E já agora é preciso que a lei seja menos ingénua dando menos aso a estar apenas cheia de boas intenções (particularmente a lei fiscal).
A maioria dos cidadãos cumprem com os impostos, o problema são os que não cumprem serem os que mais deviam pagar.
Com as novas tecnologias penso que isto poderá melhorar um pouco, mas uma mudança de mentalidades era bem mais bonita de se ver…
Juntemos-lhe uma pitadinha de moralização na esfera pública/política e talvez a coisa avance no bom sentido, Bruno.