Nem com alka seltzer, nem com um potente anti-histamínico me imagino a votar num senhor que escreve textos do calibre que aqui (Evidências Públicas, Traumas Privados) se pode ler.
O frenesim de campanha que se avizinha e que provei já por estes dias com o protagonismo de Jorge Coelho (em defesa da vítima Bárbara Guimarães ?!) ameaça-me de engulhos futuros, por isso vou resolver desde já a questão e publicamente, que é para ficar mais descansado.
Vou apostar naquele que Manuel Maria Carrilho chama de «vazio sonso».
Votarei naquele candidato que mais garantias me dá de ser motivo de orgulho na qualidade de primus inter pares da cidade Lisboa ao longo dos próximos quatro anos.
Quatro anos de Manuel Maria Carrilho seriam/serão absolutamente insuportáveis e totalmente imprevisíveis.
De Carmona Rodrigues tenho muito melhores referências, por isso desejo-lhe desde já boa sorte e agradeço-lhe por me oferecer esta que julgo ser uma boa alternativa para melhorar a qualidade de vida e reforçar a vitalidade da cidade onde moro.
Nestes dias (e noutros) mas particularmente nestes, não invejo nada, mesmo nada, aqueles que tenho em boa conta e que estão vinculados pela lealdade partidária. Antes de qualquer partido, o bem comum! E a salubridade democrática, já agora.
Em termos mais genéricos, se posso emprestar algum conselho a alguém, é que no seu concelho, se esqueça das lealdades “ideológicas” e que tente escolher o melhor ou o menos mau responsável pela gestão pública no seu município.
Ouvi pessoas dizerem-me que nunca votaram no PS para a junta ou para a sede do município porque o PS defende o aborto, tal como já ouvi concidadãos dizerem que hão-de votar sempre no partido do punho fechado, porque sim.
O que interessa a posição face ao aborto na política camarária? Terá sempre uma relevância marginal. O que interessa a marca do punho fechado ou da seta ou dos favos das abelhas ou das foices e dos martelos quando tantas vezes – haja quem as conte! – o que hoje é do PS já ontem se candidatou pelo PSD ou pelo CDS-PP? Quando o candidato do “nosso” partido já deu provas de fazer o oposto do que o partido diz professar? Quando muito do que foi prometido ficou por fazer. É preciso não nos demitirmos da nossa capacidade de avaliar criticamente aqueles que escolhemos para nos representarem.
Nestas eleições, na grande maioria dos municípios, os partidos são o que menos importa e julgo que será particularmente assim nestas eleições tão próximas de umas legislativas. Ainda que uns ou outros se venham a aproveitar consoante o pendor da maré eleitoral, é cedo de mais para que seja credível fazer grandes inferências para o todo nacional, para transformar o resultado num veredicto à governação central. Talvez assim se contribua para mitigar o défice democrático que graça por tantos municípios portugueses. Façamos das autárquicas as eleições mais nobres do país.
Já agora, recorde-se que nestas eleições o líder executivo não é nomeado, é eleito directamente pelo povo. Tem o nome a encabeçar a lista. Capice?