Revista de Imprensa – INE 3
Luisa Bessa
Perde o Norte
Poucas Matérias gera mais consenso do que a necessidade de melhorar o sistema estatÃstico nacional.
Também são reconhecidas as dificuldades do INE, que quase chegaram ao caricato dos âsalários em atrasoâ?. Mas assumir que o redimensionamento dos quadros deve ser feito encerrando as quatro delegações regionais, um processo que de uma assentada permitirá reduzir 280 dos actuais 800 postos de trabalho, só pode ser classificado como solução de facilidade.
à ignorar a contribuição que as direcções desconcentradas deram ao desenvolvimento de produtos estatÃsticos apropriados à s necessidades das regiões onde se inserem. (…)
in Jornal de Negócios (só disponÃvel em papel)
O propalado modelo da âconcentração geográficaâ?, de que fala a auditoria da Roland Berger mas que é sobretudo um pressuposto de quem lhe encomendou o trabalho, vem à revelia das tendências actuais, em que o próprio Governo tem dado alguns sinais de vontade polÃtica de descentralizar. Sob pena de, a prazo e em nome da eficiência, acabar tudo transferido para Madrid ou até para Bruxelas.
Mesmo que a opção fosse a redução das direcções regionais a pequenos pólos estatÃsticos, com a retirada da coordenação de projectos nacionais dar-se-ia uma machadada nas competências das respectivas regiões.
Por experiências própria, sei que a Direcção Regional do Norte do INE teve na década de 90 apreciável dinamismo e produziu produtos estatÃsticos mais finos do que aqueles que alguma vez tinham saÃdo do INE. Mérito de quem a dirigiu e sobretudo percepção do terreno. Foi esse o objectivo, aliás, que norteou o então ministro do Planeamento Valente de Oliveira na definição do actual modelo.
Reduzir tudo isto, na melhor das hipóteses, a pequenas estruturas meramente operacionais, é sinal de que quem tutela matéria tão sensÃvel quanto à do sistema estatÃstico nacional perdeu o Norte. E está também a fazer perder o paÃs.
in Jornal de Negócios (só disponÃvel em papel)