Via A Origem das Espécies, em "A corporação", chego a esta notícia do DN com o alto patrocínio do Gabinete de Avaliação Educacional (GAVE) do Ministério da Educação:
«Valeu tudo: tratar um sujeito como predicado, usar um "ç" em vez de dois "s", inventar palavras. O Gabinete de Avaliação Educacional (GAVE) do Ministério da Educação deu ordens para que nas primeiras partes das provas de aferição de Língua Portuguesa do 4.º e 6.º anos, os erros de construção gráfica, grafia ou de uso de convenções gráficas não fossem considerados. E valeu tudo menos saber escrever em português. Isso não deu pontos.»
E depois os economistas é que vivem na lua com os seus modelos instrumentais de experimentação científica "ceteris paribus".
A avaliação parcelar de conhecimentos assume assim uma nova dimensão. Se admitirmos que sabes escrever (mesmo que não saibas), como é que é a tua capacidade de interpretação? Se admitirmos que sabes nadar (mesmo que não saibas) quanto tempo levas a percorrer 25 metros numa piscina olímpica?
Velhos tempos aqueles em que os professores de história, geografia, química (do ensino público suburbano) ser atreviam a penalizar os alunos que manifestamente não sabiam escrever correctamente em Português. Hoje até os professores de português estão limitados a uma área estanque num pedaço de exame.
Afinal as provas de aferição serviram para mais qualquer coisa: para chamar a atenção para esta mentalidade abstrusa que se mantêm de pedra e cal no nosso ministério da educação. E a senhora Ministra, fica-se? Sabe, a cumplicidade é crime…
6 replies on “E a senhora Ministra fica-se?”
Porque é que toda a gente (até o Portas, Deus meu!…) fala daquilo que não sabe?!? O que é que esta gentinha toda percebe de provas de Português e dos seus objectivos?
Diga-me a Clara.
Por acaso, ninguém tira tempos aos 25 metros numa piscina olímpica… É que as piscinas olímpicas medem 50 metros.
Se me apetecer tiro tempos aos 25 metros numa piscina olímpica, Filipe, e até posso realizar uma prova que consiste em chegar à marca dos 25 e voltar para trás.
Se calhar, se pensar bem, o que escrevi até era metafórico… avaliar a meio caminho e tal.
É apenas uma má metáfora! (e depois dar o exemplo da sua prova hipotética…) As provas de natação não são como regatas, não há uma linha imaginária para medir tempos quando se chega ao meio da piscina. Uma boa metáfora seria medir os 50 metros numa prova de 100 ou 200 metros, por exemplo. (ou então usar a piscina curta, aí já se tiram tempos aos 25)
Essa de haver linhas imaginárias na regata e não (poder) haver na natação tem piada.
Na natação fazia um exercício engraçado que era exactamente esse, chegar a meia piscina e dar a volta com o prof a fiscalizar que respeitávamos a linha imaginária (havia marcações no fundo da piscina para nos orientarmos). Era um exercício metafórico está bom de ver 🙂