. Nunca ninguém leu tantos jornais como hoje. É só entrar num transporte público em hora de ponta. Há até provavelmente menos gente a ler livros nos comboios… São jornais que geralmente se lêem entre duas paragens, a tempo de serem passados ao companheiro do lado, mais interessado noutra secção, ainda antes de terminar a viagem.
. Há também menos gente, muito menos gente a pagar directamente jornais.
. Há uns anos (provavelmente durante a última recessão), num dos últimos estertores do jornal O Século este foi distribuído gratuitamente em alguns dos sítios onde hoje se distribuem os seus sucessores. Não sei bem porquê, não funcionou, mas na altura falou-se na possibilidade de os jornais clássicos seguirem o exemplo. Hoje a oferta gratuita aproximou-se de forma mais sedutora do potencial leitor, talvez ao mesmo tempo em que a oferta menos gratuita esteja a perder parte da sua sedução (menos credibilidade, menos "valor acrescentado" em termos jornalísticos, menos equilíbrio nas propostas). Desconfio até que a nova imprensa gratuita (e transnacional) se está a tornar bastante lucrativa. De que é que o Público, o Diário de Notícias e o Jornal de Notícias estão à espera para mudar de paradigma, aproveitando o melhor de dois mundos? Quais são os prós e os contras? É melhor tentar responder. Mesmo que seja para que nada mude, faz sentido perguntar.
. Isso e pôr o "I will survive" a passar nas redacções/administrações dos jornais. Ou será que o leitor do Metro e do Destak não interessam aos jornais pagos? Criam-se novos leitores, sim senhor. E se não se criarem novos pagantes (antes pelo contrário), em que ficamos?
. A avestruz, essa ave que já o foi, ser incompreendido e tantas vezes mal utilizado em avulsas metáforas, encosta bastas vezes a cabeça ao chão quedando-se imóvel, de ouvido atento, tentando antecipar os perigos da savana. Se calhar é tempo de se fazer o mesmo na administrações destas empresas.
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