Uma boa lista por nossa causa.
"(…) Há, no Ocidente, quem queira conscientemente evitar abordar o essencial. Porque é absolutamente irrelevante se os cartoons são ou não ofensivos, se são ou não ‘despropositados’. Não há aí matéria de discussão. Todos os dias nos deparamos na imprensa com opiniões ofensivas e/ou despropositadas. Por isso é que são opiniões. Por isso é que são publicadas em páginas de jornais. Por isso é que lhes podemos contrapor argumentos sem medo. E é tudo isso que nos enriquece enquanto membros de uma comunidade democrática, com opiniões que são tantas vezes execráveis mas nunca atentatórias da integridade de quem delas discorda. (…)"
7 replies on “Por nossa causa”
olha esta:)
“I DISAGREE with what you say and even if you are threatened with death I will not defend very strongly your right to say it.”
the Economist
É a barbárie à solta… Por isso é que subscrevi a lista e gastei o meu latim aqui e fora daqui, para aí desde que ganhei consciência.
Já tive oportunidade de, na Natureza do Mal onde li em primeira mão o texto de onde retiras o excerto, chamar a atenção para a infelicidade da expressão “absolutamente irrelevante” quando estamos a falar de algo que mobiliza questões tão profundas como a identidade cultural e religiosa das pessoas. Também esse entendimento dogmático da democracia, com esse autoritário não há discussão possível, é muito infeliz na minha opinião. obrigado.
Já tive oportunidade de, na Natureza do Mal onde li em primeira mão o texto de onde retiras o excerto, chamar a atenção para a infelicidade da expressão “absolutamente irrelevante” quando estamos a falar de algo que mobiliza questões tão profundas como a identidade cultural e religiosa das pessoas. Também esse entendimento dogmático da democracia, com esse autoritário não há discussão possível, é muito infeliz na minha opinião. obrigado.
desculpa a repetição Rui.
O “é absolutamente irrelevante” está lá precisamente para que não se confunda a defesa da opinião com a opinião expressada. Substitui por exemplo uma enunciação exyensa das situações que sejam comparáveis aos cartoons com maomé. Sem o “é absolutamente irrelevante muito provavelmente não teria subscrito o manifesto, pois corria o risco de que pensassem que só o havia feito porque o que estava em causa era exclusivamente o “gozar com o islão”. Dito isto não percebo de que dogma é que fala.
Parece que escrevemos com as mesmas palavras mas não temos delas o mesmo entendimento. Também me parece que não devemos evitar “jogar ao gato e ao rato” com elas e que uma forma de o tentar evitar é circunscrevermo-nos ao seu significado. Se eu digo que é absolutamente irrelevante que eles sejam ofensivos é isso exactamente que eu digo. E então o que digo é que é absolutamente irrelevante se ofendi alguém. Ou seja, estou a dizer que é absolutamente irrelevante que alguém se possa sentir ofendido. Se disséssemos outras coisas poderíamos dizer por exemplo: ” se ofende o outro deve ser proibida a expressão dessa ofensa”. Eu nunca o disse nem nunca diria tal afronta aos direitos e liberdades das pessoas. Mas não era disso que falávamos. Era de ser absolutamente irrelevante. Ora não há nada que seja relativo ao homem e muito menos a sua sensibilidade, a sua cultura, as suas crenças, que seja irrelevante. Para quê consagrarmos a liberdade de expressão se já destituímos o humano da sua relevância? O que eu contestei foi uma expressão que me pareceu extraordinariamente infeliz e que vai até em contramão daquilo que os seus autores, pelas suas sensibilidades, cultura, sabemo-lo, defendem.
Eu não falei de um dogma,falei de um entendimento dogmático da democracia. O que é que será um entendimento dogmático? Não será aquele que entende que não se deve discutir algo porque essa mesma coisa não tem discussão possível?