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Ouvem-se os passos, só os passos. A gente aperta-se, sem pressas, sem empurrões, numa ordem que só se consegue pela disciplina ou pela apatia.

Milhares de passos de milhares de pessoas. Descemos os degraus, tantos degraus, desde o topo da bancada, literalmente desde as luzes da ribalta até às entranhas dos bastidores.

Na rua recebe-nos o lixo dos preliminares: os restos dos cachorros quentes, dos couratos, da cerveja e algumas bandeirinhas de uso efémero que nos ofereceram à entrada. Chegados ali, vamo-nos apagando como brasas que se separam numa fogueira… É nessa altura que o frio nos assalta que a chuva se torna inclemente. É então que a derrota é mais nossa.

Haja o aconchego de um cachecol, pintado com as nossas cores, sempre ao pescoço, sem vergonha. Para uns como uma cicatriz, para outros como uma pluma.

Hoje tenho uma pluma em casa. 

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