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Fala como um verdadeiro Leão: Domingos Paciência

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Poesia e Música

O mulato da palavra (em defesa do acordo ortográfico e em resposta ao jeito de desgarrada)

O mulato da palavra

Há nesta terra fidalguia madura,

donos da língua, patronos do antigo.

Confundem mundividência pura

com um inaceitável castigo.

 

Julgam-se mordomos da história,

mas o que amam é ditadura,

ignoram a antiga obra,

que lhes prova a alma impura.

 

Que foi fraca a nossa embaixada,

que nos coloniza o estrangeiro,

gente pobre e ensimesmada,

nunca chamará bunda ao traseiro.

 

Agarram-se à imagem do seu passado,

defendem uma moral indistinta,

recuperam um dicionário calado

ignorando crimes sem tinta.

 

Zurzem no esforçado linguista,

criminoso ouvinte fora da quinta

douto e interessado copista

que converteu o verbo dito em tinta.

 

Para eles a língua sempre velha,

para nós algo que se renova,

para eles não é propriedade alheia,

para nós a fala é a prova.

 

Fieis de um estúpido princípio,

abominam a natural transformação,

ignoram a riqueza desde o início,

desta coletiva construção.

 

Língua minha pátria mui amada,

dou-te para aumentar a tua lavra,

deixando-me da conversa fiada,

dos que abominam o mulato da palavra.

 

Nota: Atrevi-me a este ridículo de poesia como desgarrada de resposta ao vizinho Fernando que me sabe no role dos “Arjumentos!

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Economia Portugal

Ratings e Europa – Déjà vu: isto resolve-se com mais um PEC.

Também publicado aqui: “Ratings na Europa: “We are about to attempt a crash landing” “.

Notas breves sobre a descida generalizada de ratings na zona euro e uma música com história:

  1. Como se comentava há pouco no twitter (http://bit.ly/zVh2R7) “Como a UE não se federaliza, a S&P federalizou a análise” e relevou o estado geral da zona euro como mais importante do que as condições particulares dos vários países afetados.
  2. Mas será que os ratings ainda fazem mossa? A partir do momento- nesta tarde – em que começou a correr o boato de que iriam acontecer, interromperam-se as escaladas nas bolsas de valores, o euro desvalorizou rapidamente para mínimos de vários meses, os juros da dívidas soberana dispararam na periferia e entre os países expectavelmente afetados pela descida do rating. Como se fossem surpresa…
  3. As reacções dos vários Estado, aqui bem representadas pela reação do Mínistério das Finanças português (ver “Governo português lamenta decisão da S&P“), dão bom testemunho do carater paradoxal desta situação e das justificações para as descidas de rating, mas recordam também como passámos já à fase histórica no sentido em que tudo isto parece já uma história contada repetidas vezes sem que haja escriba capaz de alterar o guião.
  4. O que se segue Europa? Mais moralismo, mais tacanhez, mais negação? Continuarão as reuniões políticas a ser conversas entre condóminos incapazes de perceber que por muito diferente que seja a vista que cada um consegue disfrutar dos seus diferentes andar de residência o destino de todos está condicionado pela qualidade dos alicerces que não souberam fundamentar nem , agora, escorar?
  5. As histórias fantásticas de Laurie Anderson parecem menos surreais e mais cristalinas. Vale a pena ouvir: