Calculando a média, muito pouco científica reconheça-se, é tempo de dizer para mim próprio que não temos os políticos que merecemos, ou melhor, eu pelo menos não os mereço de certeza. O caro leitor dirá de si.
“Em média”, avaliando pelas lideranças partidárias e pela prática governativa desde meados dos anos 80 (desde que tenho alguma memória política digna desse nome), “em média”, escrevia, tivemos políticos muito inferiores em vários níveis áquilo que tantos outros portugueses provaram ser capazes de fazer: no seu trabalho, com os seus amigos, com a sua família, aquém e além fronteiras.
A política terá um dia de ser parte da solução para o que está mal neste país, hoje, é ainda e cada vez mais parte do problema. O que mais me arrelia é ver que a simples convivência com o circo político por via da comunicação social produz efeitos nefastos juntos dos “transeuntes”. Gera afectivamente um outro estado de alma nas pessoas mais expostas que não me parece, pelo menos neste tempo, nem proveitoso, nem esclarecedor, antes produz um afastamento do que deve sempre estar próximo, o sentido do todo, a perspectiva de um real global.
Apanhando umas lufadas de ar freco, como faz o “outro”, consigo perceber isso, perceber como a exacerbação, a gritaria hipócrita do alto dos palanques, o chico espertismo de alguns dos ministros do momento e a banalização da cena da vítima de dedo em riste nos estúdios de TV, está demasiadas vezes a impedir-me de ver o essencial, ou melhor, de lhe atribuir a devida ponderação na escala das coisas… importantes.
Para mim vem aí um tempo para reflectir um bocadinho em silêncio, recusando o frenesim dos próximos meses, de onde hoje me parece, muito pouco de essencial se alterará. Apenas algumas tácticas de jogo e alguns titulares das equipas, nada de substancial no mesmo jogo velho e triturante que vejo ser jogado vai para 20 anos.
Dito isto, está bom de ver que não acho que alguém possa passar sem cultivar devidamente a sua costela política, está nos nossos genes desde que dominámos a fala, para aí… Mas por agora, este jogo, não jogo mais.
Atrevo-me até à pedir aos que ainda se reconhecem ao espelho de manhã que se cubram com a vergonha própria ou com a que lhe emprestam os seus pares de partido e atrevam-se a pensar além do jogo de sempre. Haja quem veja na vida um risco de morte e que se sirva dele, mais para ganhar forças para aclarar a voz do que para enterrar o traseiro numa alcova de maldicência e de auto-desculpabilização com os pecados alheios.
Continuação de um bom fim-de-semana.
As uvas estão a ficar no ponto, já repararam?
Saúde!
4 replies on “Pior que o país”
Estás gago? 🙂
Ou será eco?
A técnica até que não é má, no entanto e por ser nova, torna-a merecedora de um comentário apreciativo: – Aprecio sim senhor.
É que ele, há gajos que passam logo ao comentário anterior, e quando o autor quer que aquele seja o primeiro a ser lido, devido à sua importância, aplica-se a partir de agora a técnica do Adufe.
Em relação ao conteúdo do post, e partindo do principio que se refere entre outros ao debate da SIC para a CML, só um parêntesis: O homem – O marido da Bárbara – até pode ser execrável, mas revelou com aquele virar de costas que não é um fingidor, e que, foi sincero nas atoardas que enviou ao mangas arregaçadas, vindo isso de um político, não posso deixar de o considerar meritório, assim como demeritória a intenção do mangas arregaçadas depois de ter sido chamado de aldrabão, ainda o querer cumprimentar.
De qualquer forma, ainda bem que não voto em Lisboa, essa dor de cabeça não tenho eu.
Ups!
Sorry!