No Tugir, o Carlos Castro reforça com argumentos de Pedro Ferraz da Costa (como lembra o sempre atento brainstormz) as imensas dúvidas, ou melhor, as cada vez mais raras dúvidas sobre o erro colossal que ameaça ser a construção do novo Aeroporto na Ota.
Transcrevo este trecho:
“A OTA significa, face à Portela, mais uma hora a hora e meia em cada sentido. Põe-nos já a mais de quatro horas do centro da Europa, o suficiente para inviabilizar as viagens de um dia características do mundo dos negócios actual e para dificultar o turismo de fim-de-semana,segmento muito importante para o futuro do nosso turismo.
Aliás, não há nenhum agente económico a favor do novo aeroporto. Nem as empresas, nem as companhias aéreas, os agentes de viagens ou os hotéis.
Quanto à necessidade de substituir a Portela, nunca foi apresentado um único relatório que o demonstrasse.
O ministro das Obras Públicas da altura, o eng. João Cravinho, afirmou que a capacidade máxima da Portela era de 12/13 milhões de passageiros, que não era possível levar o metro à Portela, apesar de ir chegar à Gare do Oriente.
O bom funcionamento durante o Euro 2004 demonstrou que afinal, mesmo só com uma pista, daria para muito mais.
O actual ministro, logo quando iniciou funções confessou-se surpreendido por se querer substituir a Portela, que já daria para 22/23 milhões, pela Ota, que não daria para mais de 30 milhões de passageiros.
Talvez para justificar a necessidade do novo aeroporto, a ANA aceitou a desmobilização de terrenos que quase inviabiliza uma segunda pista, com a imediata autorização de construção de habitação nesse terreno, sem isolamento de ruído.”
Parece-me que o Governo comprou uma luta que motiva crescentemente pessoas de todos os espectros políticos. Uma boa prova da vitalidade de que a nossa democracia tanto precisa. Por aqui, continuaremos a pedir explicações; como disse no início, as dúvidas sobre a OTa encaminham-se a passos largos para o total descrédito da grande aposta de investimento público deste governo. Esperemos que José Sócrates melhore da otite que o Jumento há dias lhe disgnosticou.
6 replies on “O erro da Ota?”
Pelas suas últimas declarações podemos constatar que estamos perante uma teimosia do 1º. ministro na qual não revela qualquer recuo. Entendeu assim, que aliás esta opção já vinha do governo de Guterres e ele como um seguidor acérrimo da sua política vai comprovando toda a razão que alguns de nós tivemos quando afirmamos que esta liderança era em tudo semelhante, com o cometimento dos mesmos erros.
E a prova está á vista. Lamentável foi os eleitores que nesta maioria votaram não tendo sabido reflectir antes de depositarem o seu voto no disparate que iam cometer.
E esses mesmos agora sentindo a frustração da sua
expectativa não têm meios para corrigirem o erro
que cometeram.
Aqui não há OTA ( nem OTÃ?rios). Tudo gira em volta dos interesses dos capangas do betão. Com uma crise destas não se vendem casas, não há mais Expo’s nem Euro 2004, portanto… como é que se safa o loby dos labregos do cimento?
Um abração do
Zecatelhado
Pergunta académica: o PM melhora da tal otite e cede às pressões anti-construção civil [confesso que acho piada tardo-defensores do Euro 04 agora ao contrário, mas isso é prova de que as pessoas mudam, mesmo que MUITO tarde]. MAs voltemos, o homem muda de grupo social, perdão, de opinião: como é que poderá aguentar o governo os quase 4 anos que lhe faltam, se logo no princípio inflecte a sua visão económica radicalmente. Deixemo-nos de coisas, Socrates está condenado À OTA et al pois o PS é isso mesmo; e porque negá-lo era agora negar-se, e isso levaria ao desabar do governo.
Isso está giro aí, não?
Olá Jpt!
A questão está de facto a transformar-se num braço de ferro tudo porque parece não haver argumentos para defender os projectos. Não poderá isso também ser demolidor para o governo? De que é que Sócrates deve ter mais medo?
Eu acho que a “sociedade civil” tem mais é que dificultar-lhe a escolha enquanto não hover uma mínimo de racionalidade que transpareça das suas opções. Quanto aos grupos de interesse não são um mal em si, para mim só o são quando vão contra o meu grupo de interesse, o que até prova em contrário está claramente a acontecer com a opção da OTA.
Em suma está giríssimo, em certos aspectos melhor do que nunca.
Socrates não tem medo, como termina o Jaquinzinhos (lamentavel encerramento) Socrates é um pragmático medíocre – algo que não é o primeiro a dizer, até entre os seus agora apoiantes.
[hesito entre as dúvidas quanto às teorias da conspiração e os horizontes de uma “república de juizes”, ver o Insurgente “Lobby Imobiliário” de hoje]
Saúdo essa crença na “sociedade civil” – sem cinismo creio que a partir do momento em que o Udinese visitar Alvalade (já agora, grande azar no sorteio) a dita cuja desaparecerá entre resmungos com os árbitros e loas aos presidentes
Que a bola sirva apenas para recuperar o fôlego. Há tempo para tudo 😉
O fim do Jaquinzinhos é de facto uma grande perda para esta esfera…