“(…) Mais que as expectativas que nos criam as pessoas, restam as questões fundamentais quanto à estratégia do jogo. Luís Campos e Cunha, futuro Ministro das Finanças, teve nesse aspecto a contribuição mais informativa e significativa que pude ouvir no fim-de-semana: a sua missão será claramente garantir o equilíbrio das contas públicas. Foi interessante ouvi-lo sublinhar, na sua primeira intervenção política, que sem se vencer onde tantos outros falharam (redução da despesa, reforço da colecta fiscal por via da maior eficiência), ou sem contar com as benesses de uma, por enquanto longínqua, retoma económica, restará o eleitoralmente penalizante e economicamente pouco recomendável cenário de o Estado cobrar um esforço extra pelos serviços que presta, aumentando os impostos. Uma mensagem que serve bem a todos, incluindo os futuros colegas de governo.“
Adufe, “Uma boa demonstração de reciclagem”, Março de 2005
Conclui-se agora que as tais primeiras declarações de Campos e Cunha foram o primeiro dos problemas internos no governo. Apenas a personalidade singular e o excelente currículo com provas dadas de Fernando Teixeira dos Santos (presidente do regulador modelo que temos em Portugal que dá pelo nome de CMVM) me permitem mitigar um pouco o desgosto com a percepção do absoluto bluff político em que se fundou a “proposta” do Partido Socialista liderado por José Sócrates até ao momento. É absolutamente inaceitável admitir, na actual conjuntura do Estado, este tipo de amadorismo hoje posto a nu.
Um momento negro para a actual maioria absoluta e, principalmente, para o país. Assim é difícil ter esperança.