Para conclusões opostas às que aqui retirei convido-vos a passar pelo descrédito.
O trágico disto tudo é que Luís Campos e Cunha foi apenas coerente (no último artigo e nas declarações na assembleia) com as ideias que divulgou em Setembro de 2004 (ver dois posts abaixo). Nem todos os membros do governo, a começar por José Sócrates, têm a possibilidade de apresentar estas credenciais se olharem ao que disseram e fizeram desde então para cá.
É verdadeiramente espantosa esta unanimidade crítica “à falta de lealdade” do Ministro das Finanças quando o que vejo é um comportamento absolutamente errático e, repito, incoerente do governo. Naturalmente Campos e Cunha estava a mais no governo, as ilações que retiro é que não são exactamente as mesmas implícitas em muitos dos caros bloggers que leio. Haja memória!
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8 replies on “Campos e Cunha III”
ó Rui,
eu não percebo nada de economia nem de finanças, mas desde o princípio que deu para ver que este homem estava a mais. Como se pode compreender que o homem que nos pede sacrifícios, e quase crucifica os func. púb. na praça pública, seja ele próprio um privilegiado do sistema? Qualquer cidadão atento percebe que a escolha de Campos e Cunha para as Finanças foi, politicamente, um erro e, moralmente, uma afronta.
O maior problema da saida do senhor tem a ver como o pretexto. O senhor não saiu quando se “descobriu” que ele tinha uma reforma (um facto público diga-se de passagem), o senhor não saiu quando alguém no ministério das finanças se enganou nas contas do orçamento, o senhor saiu quando foi fiel aos princípios de racionalidade económica que sempre defendeu e que o governo em tempos avalisou. A mensagem que fica é a de que o senhor ministro foi “desleal” quando disse que queria ser convencido da sustentabilidade financeira e do carácter impulsionador da economia dos investimentos publicos pré-anunciados (mas que não foram detalhados).
Em tudo o que dise está coberto de razão e as suas perguntas devem ser também as nossas. Perguntas a que o governo já deveria ter respondido e perguntas bem mais relvantes do que as atribulações políticas (da reforma e do erro) que ocorreram no seu mandato.
Um dia, depois da crise maior, teremos de voltar ao tema da remuneração dos políticos e dos gestores públicos. Hoje Campos e Cunha recupera o direito integral à sua reforma e ao seu salário, perdeu assim o castigo de estar no governo, espantoso não?
Continuo a pensar que um ministro das finanças tem de ser em primeiro lugar um político, que faz parte de uma equipa. A receita é fácil a administração da mesma é que tem muito que se lhe diga. Há quem não seja capaz de o fazer. Campos e Cunha mostrou desde muito cedo a sua incapacidade.
Quanto ao pretexto para a saída, a única coisa que se me oferece dizer é que, desde há algum tempo que Campos e Cunha era um ministro a prazo!
Rui, se puder leia, sobre este assunto, o que diz o DR em: http://diariodarepublica.blogspot.com/
Rui, se puder leia, sobre este assunto, o que diz o DR em: http://diariodarepublica.blogspot.com/
Obrigado pela sugestão. Não tenho forma de confirmar a afirmação mas Cecília convenhamos que é distrairmo-nos com o acessório. Onde é que este governo que tendo prometido a OTA e o TGV ( e que também prometeu não aumentar os impostos) vai arranjar dinheiro para construir um TGV e um Aeroporto? QUal é o plano de investimentos, quanto custa, como será pago ao longo dos anos? O ministro saiu mas acho que enquanto eleitor do PS tenho o direito a perceber como é que tudo isto é sustentável. Correrem com o Ministro na dia a seguir a ele ter dado relevância a estas perguntas não pode deixarmos descansado ou satisfeito com o governo.
Rui, há uma regra básica para entendermos os comentários e as opiniões, saber quem os faz, depois podemos tentar destrinçar onde está a opinião realmente “pessoal” e a opinião “utilitária”.
Crucificar ou incensar alguém, pode não ter nada a ver com a pessoa em causa, mas sim com algum interesse passageiro de quem emite a opinião.
Por isso é que há opiniões que não interessam nem ao menino Jesus, mas que são úteis para entender o “estilo” de quem as emite.
Quando não conheces os interlocutores e os seus interesses não podes saber se estás a ler uma opinião dada em boa fé ou outra com um objectivo mais obscuro.
Nesse sentido esta crise política recente tem sido muito esclarecedora entre os blogues à esquerda. Muito poucos têm sido capazes de passar o teste, acrescentando uma capacidade crítica nula ao que se tem passado. Mas este ainda é o meio mais fácil e barato para combater essa agitação e propaganda, nomeadamente dando-lhes o troco devido quando se tentam disfarçar daquilo que não são. A alternativa é simplesmente ignorá-los, um método preferencial a que também tenho recorrido por aqui. De qualquer forma agradecem-se contributos 😉