“(…) Não se percebe porque não ficou resolvido o problema na recente revisão constitucional (a nossa Constituição proíbe que tratados sejam objecto de referendo). Ou porque não se pergunta simplesmente se concordamos, ou não, que o Parlamento aprove o tratado. Assim, discute-se a pergunta e não o tratado.
Tudo isto é lamentável. Os referendos são instrumentos limitados de auscultação da vontade popular. Muitas vezes as pessoas não ligam à pergunta colocada, mas decidem-se em função de outros factores – como mostrar apoio ou desagrado ao governo. Apesar disso, e nunca tendo sido referendada em Portugal a opção europeia, justifica-se agora um referendo para legitimar plenamente a nossa participação na UE. Por mim, já disse que votaria «Sim» ao novo tratado constitucional. Mas, para ter sentido, o processo referendário implica um bom debate sobre a integração europeia, que ainda não começou. E uma pergunta razoável, clara, sem habilidades indutoras da resposta.”
Resta saber se virei a ter oportunidade para dar o meu “sim” ao tratado. Com esta pergunta e este método claramente não terei. Mas a história ainda não acabou, longe disso.