Responde o Lutz à interpelação do Timshel

Timshel, o problema reside, no meu entender, na questão se, quando escreves o post/comment, estás fora do contexto social (com os seus códigos socialmente determinados) ou dentro. Visto de fora, parece-me evidente, que cada cultura/sociedade tem os seus códigos socialmente gerados e determinados, mas que parecem absolutos aos que estão dentro.
(Onde essa contradição deixa de ser oculta, é na forma como tratamos, pelo menos nas democracias, as leis normais: concordamos ou não com eles, lutamos eventualmente pela sua alteração, mas enquanto valem, merecem-nos respeito.)

Acho que nós contemporáneos da aldeia global estamos, talvez pela primeira vez, na condição de olhar comparativamente aos códigos de várias sociedades, inclusive a nossa, e assim de estar ao mesmo tempo fora e dentro (com todos os problemas de auto-referencialidade, que este facto acarreta).

O resultado é um paradoxo: Posso observar a moral como variavel e um produto da sociedade, mas não me é possível viver segundo uma moral relativa.
Essa incapacidade exige de mim o estabelecimento ou a assunção dum axioma.
Só que a assunção do axioma não elimina a minha observação anterior: a da sua arbitrariedade.
E daí parece-me resultar a seguinte exigência ética: Devo integrar na minha moral as consequências tiradas desta observação! Cuja príncipal é: tolerância.

Não tenho grandes conhecimentos da lógica nem da matemática, mas lembro-me que um axioma é tanto melhor quanto mais genérico é. Por isso empenho-me, reconhecendo a minha necessidade do axioma, desse núcleo religioso, na permanente desconstrução dos edifícios que nele tendo erigir.

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