O Adufe esteve ontem fechado para inventário e hoje regressa como se fosse o primeiro dia.
Sobre o dia anterior agradeço as simpáticas referências do Leonel e do trio do Mata-Mouros. São pequenos nadas que dão algum incentivo para aqui vir conversar. Dão-nos a sensação de estar entre amigos. Fico também grato aos que me leram, que comentaram, que polemizaram comigo. Agradeço igualmente aos que põem “blogues” no ar.
A todos os que se dão a conhecer e fazem da palavra tijolo para tanta construção.
Entre ontem e hoje (e agora refiro-me realmente ao dia de ontem e ao dia de hoje) reaprendi a importância das palavras. A palavra é uma das raras formas, talvez a única, que transmite o essencial do que nos destingue de tudo o que nos rodeia. Através dela podemos ser absolutamente tudo o que alguma vez poderemos ser. Ela tem um poder avassalador e permanece com essa condição desde o primeiro dia. Ainda estavam longe os perigos agora bem reais da aniquilação instantânea de todo o planeta e já ela nos chamava para a responsabilidade, já ela punha à prova a nossa capacidade de lidar com um poder fascinante, com um poder cujo exercício exige permanentes cautelas.
Tenho uma amiga que me diz que por vezes anunciar é meio caminho para não fazer. Procuramos no anuncio uma resposta, um suporte, ouvimo-nos para tentar entender o que queremos, até onde estamos dispostos a ir. Tentamos perceber o que nos assusta, afastamos um fantasma, fugimos dele atirando-o pela boca fora.
Neste mudar de ano, ordenamos o caos listando afazeres, reflectindo, procurando renascer. Por aqui, pelo Adufe, anuncia-se pouco do que se propõe para o futuro, do mesmo modo que anuncio pouco para o que tenciono fazer no resto da minha vida. Anuncio apenas a vontade de continuar vivinho da silva procurando dar algum sentido a esta viagem que também passa pela blogoesfera.
Este blogue é também um diário de pequenas partes da minha vida. Digo-o porque já baralhei alguns leitores por não encontrarem um fio condutor, não verem o Adufe corresponder a uma expectativa que criaram. Não há linha editorial clara, não há um propósito bem definido. Este blogue continuará a servir como mais um espaço para deixarmos palavras para os outros e tantas vezes para nós próprios.
(publicado inicialmente hoje às 12h58m, agora com uma gralhas a menos)