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O que está em questão? A reutilização de embalagens é solução? Pagar a quem produz o lixo para o separar é exequível? Como rentabilizar o processo de reciclagem? Como aumentar os índices de lixo reciclado? O que é reciclável? O que fazer com o que não se recicla? Que experiência de reciclagem há noutros países? Da discussão entre os dois interlocutores que vos vou apresentar fiquei a saber mais um bocadinho sobre estes problemas é isso que quero aqui partilhar.
Opinião de João Miguel Vaz(resposta a Henrique Agostinho ):
Caro Henrique Agostinho,
O início da minha participação nesta discussão foi determinada pela posição do Henrique Agostinho a propósito das embalagens retornáveis. Volto a citá-lo:
“Uma embalagem retornável tem uma duração de 5 ou 6 voltas. Depois também tem de ser reciclada. Uma embalagem retornável é muito mais “sólida” logo exige muito mais material, muitas vezes 5 ou 6 vezes mais material. O ciclo de ida e volta das embalagens retornáveis é muito mais caro e consome bem mais energia que o das não-retornáveis recicladas….”
“Se calhar as embalagens não-reutilizáveis tem um custo ambiental menor do que reutilizáveis, e se calhar a incineração é ambientalmente mais saudável do que a deposição em aterro, ou reciclagem de alguns materiais. Mas isso, ninguém sabe, é uma linha ténue…”.
Depois disso, no seu último e-mail afirma:
“Permita-me que corrija, eu não estou a defender as embalagens descartáveis nem a menorizar as reutilizáveis.”
Ou seja, dá o dito por não dito ! O seu primeiro e-mail é a apologia dos descartáveis – se consomem menos material e energia no seu ciclo de vida, devem ser melhores ! – é a única conclusão possível. Isto recorrendo a afirmações especulativas (“Se calhar….”..”Mas, isso ninguém sabe….”) e falsas para as quais não apresentou, nem à posteriori, qualquer argumento, i.e. dados concretos de fontes credíveis.
Onde é que foi buscar os valores que apresenta “uma embalagem retornável tem uma duração de 5 ou 6 voltas” ? É isso exactamente que me choca, a falta de rigor e a ignorância em relação a temas sobre os quais existem estudos e onde há a possibilidade de aplicar o método científico. Henrique Agostinho procura ignorar olimpicamente toda uma panóplia de conhecimentos sobre a questão dos resíduos. Procurei, nos e-mails que lhe enviei, apresentar dados precisos que contrariam a visão errada que tem dos retornáveis. O facto de ocupar a posição na SPV há poucos meses, e daí desculparem-se algumas lacunas, devia levá-lo a ser mais cauteloso nos dados que apresenta.
O mundo dos resíduos é muito complexo e vasto. Não faca afirmações sobre o que não sabe, ou não exponha os seus preconceitos em relação a modelos de gestão de resíduos que desconhece, para não ter que depois fugir ao debate político/técnico ou dar o dito por não dito. Como lhe disse o modelo alemão, um dos mais experientes e avançados do mundo, baseia-se nos retornáveis na volumosa área das bebidas.
Pede ideias para aumentar a participação dos portugueses na arte da recolha selectiva. Pois bem, sugiro-lhe que se iniciem campanhas porta-a-porta de sensibilização das pessoas, que lhes seja explicado o porquê da necessidade de reciclar. Não basta instalar os equipamentos (muitas vezes sem explicar para quê) e fazer publicidade nos media. Efectivamente, a reciclagem só funciona quando houver um prémio real para quem recicla. Quem não separa os resíduos deve ser penalizado, talvez monetariamente. Cabe a si, é pago para isso, pensar em tais ambiciosos planos. Não é preciso ir muito longe, basta usar o “Market Intelligence” ! Copiar, adaptar e fazer melhor que os outros.
(…)
Cumprimentos, Joao Miguel Vaz