Por nossa causa
Uma boa lista por nossa causa.
"(…) Há, no Ocidente, quem queira conscientemente evitar abordar o essencial. Porque é absolutamente irrelevante se os cartoons são ou não ofensivos, se são ou não ‘despropositados’. Não há aí matéria de discussão. Todos os dias nos deparamos na imprensa com opiniões ofensivas e/ou despropositadas. Por isso é que são opiniões. Por isso é que são publicadas em páginas de jornais. Por isso é que lhes podemos contrapor argumentos sem medo. E é tudo isso que nos enriquece enquanto membros de uma comunidade democrática, com opiniões que são tantas vezes execráveis mas nunca atentatórias da integridade de quem delas discorda. (…)"
February 10th, 2006 at 2:39 pm
olha esta:)
“I DISAGREE with what you say and even if you are threatened with death I will not defend very strongly your right to say it.”
the Economist
February 10th, 2006 at 3:02 pm
É a barbárie à solta… Por isso é que subscrevi a lista e gastei o meu latim aqui e fora daqui, para aí desde que ganhei consciência.
February 10th, 2006 at 4:25 pm
Já tive oportunidade de, na Natureza do Mal onde li em primeira mão o texto de onde retiras o excerto, chamar a atenção para a infelicidade da expressão “absolutamente irrelevante” quando estamos a falar de algo que mobiliza questões tão profundas como a identidade cultural e religiosa das pessoas. Também esse entendimento dogmático da democracia, com esse autoritário não há discussão possível, é muito infeliz na minha opinião. obrigado.
February 10th, 2006 at 4:26 pm
Já tive oportunidade de, na Natureza do Mal onde li em primeira mão o texto de onde retiras o excerto, chamar a atenção para a infelicidade da expressão “absolutamente irrelevante” quando estamos a falar de algo que mobiliza questões tão profundas como a identidade cultural e religiosa das pessoas. Também esse entendimento dogmático da democracia, com esse autoritário não há discussão possível, é muito infeliz na minha opinião. obrigado.
February 10th, 2006 at 4:28 pm
desculpa a repetição Rui.
February 10th, 2006 at 4:37 pm
O “é absolutamente irrelevante” está lá precisamente para que não se confunda a defesa da opinião com a opinião expressada. Substitui por exemplo uma enunciação exyensa das situações que sejam comparáveis aos cartoons com maomé. Sem o “é absolutamente irrelevante muito provavelmente não teria subscrito o manifesto, pois corria o risco de que pensassem que só o havia feito porque o que estava em causa era exclusivamente o “gozar com o islão”. Dito isto não percebo de que dogma é que fala.
February 19th, 2006 at 8:53 pm
Parece que escrevemos com as mesmas palavras mas não temos delas o mesmo entendimento. Também me parece que não devemos evitar “jogar ao gato e ao rato” com elas e que uma forma de o tentar evitar é circunscrevermo-nos ao seu significado. Se eu digo que é absolutamente irrelevante que eles sejam ofensivos é isso exactamente que eu digo. E então o que digo é que é absolutamente irrelevante se ofendi alguém. Ou seja, estou a dizer que é absolutamente irrelevante que alguém se possa sentir ofendido. Se disséssemos outras coisas poderíamos dizer por exemplo: ” se ofende o outro deve ser proibida a expressão dessa ofensa”. Eu nunca o disse nem nunca diria tal afronta aos direitos e liberdades das pessoas. Mas não era disso que falávamos. Era de ser absolutamente irrelevante. Ora não há nada que seja relativo ao homem e muito menos a sua sensibilidade, a sua cultura, as suas crenças, que seja irrelevante. Para quê consagrarmos a liberdade de expressão se já destituímos o humano da sua relevância? O que eu contestei foi uma expressão que me pareceu extraordinariamente infeliz e que vai até em contramão daquilo que os seus autores, pelas suas sensibilidades, cultura, sabemo-lo, defendem.
Eu não falei de um dogma,falei de um entendimento dogmático da democracia. O que é que será um entendimento dogmático? Não será aquele que entende que não se deve discutir algo porque essa mesma coisa não tem discussão possível?