Com um pouco de atenção detectam-se afectos em cada esquina da blogoesfera. Em tempos alguém disse que havia uma falta de amor por estes blogues como que provando uma incapacidade inultrapassável, inadequada ao meio. Mas o meio é reino da palavra e a palavra pertence-nos na criação.
O que aqui fazemos com ela é também o que fazemos em qualquer outro lado, na forma que melhor entendermos. Ela tem o poder de derrubar o muro que alguns aqui encontram e de nos desafiar nas nossas mais íntimas desconfianças, neste mundo de perfeitos estranhos e desconhecidos. Escrevemos, não falamos. Por vezes escrevemos como se falássemos. Lemo-nos, cortejamo-nos, esquivamo-nos para que não nos vejam, também. Alguma vez tivemos um contacto assim? Propenso a alguma reflexão (isto não é um chat) mas quase instantâneo? Passados mais de sete meses de blogoesfera ainda me espanto com o que isto pode ser e é. Ainda faço as primeiras perguntas!

Para um profissional da palavra o uso desta por aqui é muitas vezes assumidamente medido para não colidir com o ganha pão, afinal trabalhar a palavra, reconstruir pensamento, dá que fazer e é um bem escasso para cada homem, em cada dia…
Para aspirantes a profissionais será uma campanha de marketing mais ou menos desenfreado, de acordo com o grau de familiarização com o meio e as mais íntimas expectativas.
Depois há os outros, os que só aqui vêm porque vêm. Aqueles que têm tantas razões quanto vontades, que dizem como querem com uma absoluta liberdade que tanto se aproximará da mais fantástica ilusão como do mais cru dos seus dias.
Nas esquinas, apanhando desarmados os puros de coração surge o afecto, a força que vem das fraquezas e da franqueza. Há sempre alguém em busca de um abrigo, de um carinho de um sorriso de um contacto, de uma palavra. Mesmo que não acredites eu sei que há, já topei com alguns de carne e osso.

Até aqui num virtual olhos-nos-olhos é possível encontrar a magia que só nós fazemos e entendemos e que sobre tudo temos a mania de lançar. A magia que desaparecerá connosco, com o último Homem, com a última palavra dita, com a última palavra lida ou interpretada. Até ao dia em que não houver mais perdas na tradução.

(Parece que arranjei um fetiche com o Lost in Tranlation… Até para filosofia de algibeira de um pobre diabo com dor na pinha esta treta dá. Fiquem bem que eu farei por isso. Inté!)

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