Como seria de esperar está-se a criar o ambiente político para se discutir um reforço da integração na Zona Euro. Depois de Schaeuble e de Hollande/Valls, hoje temos ecos do BCE e do Ministro das Finanças Italiano no mesmo sentido, ao mesmo tempo que reconhecem que é preciso renegociar/reestruturar a dívida grega, por exemplo.
O que fazer perante isto? Sugiro que se discuta o reforço da integração, sim, vamos a isso. Mas sem a ingenuidade de achar que qualquer integração reforçada será benigna independentemente do seu desenho e compromissos inerentes e sem esquecer que nunca na história da União Europeia tão poucos tiveram tanto ascendente sobre tantos – um mau ambiente para se desenhar algo durável e mutuamente vantajoso.

Tem de ser perante este enquadramento particularmente desafiador e pouco promissor que se deve estruturar uma participação. Não para partirmos derrotados, mas para que saibamos como podemos deitar tudo a perder se negarmos estas ameaças, esta realidade que é preciso alterar. Como os exemplos de magnanimidade e de ponderação das vantagens coletivas de médio e longo prazo não abundam, recomendo portanto um empenhamento particularmente criterioso e crítico na discussão que se está a começar a fazer.

Qualquer excesso de voluntarismo ou solução simplista serão facilmente a ameaça definitiva para todo o processo de União Europeia. É hora de que tudo seja ponderado, todos os prós e contras, passados, presentes e futuros e que se aprenda com a lição do passado de como contentar-mo-nos com uma solução quase-boa, mas incompleta se pode revelar explosivo. É hora de perceber também que sem que o próximo passo decisivo de integração seja sufragado por todos os Europeus este nasça maculado por um comprometedor pecado original. Qualquer solução terá de ser sentida como benigna para todos face às alternativas existentes, em democracia. Sem chantagem e com realismo. Todos juntos. Como sempre devia ter sido.

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