Fui ver.
Que o Prof Aníbal está com dificuldades em fazer-se ouvir, dizem. Que já não há decretos ou vetos que cheguem para fazer valer os seus pontos de vista, comentam. Que por tudo isto começou o dia por chamar o seu indefectível braço-direito:
– Fernando Lima, contrate-me a Joana Vasconcelos e peça-lhe uma proposta de “Arte Pública” para resolver o meu problema de comunicação com o país. O quê, você não sabe quem é a Joana Vasconcelos ?! Sim, aquela das bóias marítimas fosforecentes à volta da Torre de Belém, homem!
-Mas… senhor presidente, eu só sei lidar com jornalistas, jamais com artistas!
-Venha cá, Fernando!Está a ver aquele par de estátuas, ali, bem virado para a multidão que todos os dias acorre aqui a Belém para visitar-me …
-Mas, senhor presidente, como sabe a multidão vem em demanda da gulodice dos pasteis de Belém….
– Isso é o que você pensa. A partir de agora, mal passem por aqui pelos nossos muros, já sabe, megafone em cima deles! Esqueça a Joana Vasconcelos e mande lá pôr imediatamente o megafone nas mãos daquela, daquela, …Vénus de Belém.
–Então, o que me diz?! Talvez que o megafone pudesse ser um bocadinho maior, Fernando?!
-Fernando, arranje-me aí um discursozito, por forma a que eu saúde todos os que se dirigem para … os pastéis de Belém. É uma boa estreia para o megafone presidencial. Que me diz?!
Não lembra ao diabo e é para admirar como é que nenhuma televisão se lembrou, ainda, de para ali olhar!
antónio colaço