Da última vez que procurei notícias discutiam-se detalhes mas o essencial estava assegurado: sob proposta do PS, o primeiro-ministro terá audições quinzenais no Parlamento. Sendo o Parlamento um órgão de soberania fulcral no nosso país sempre achei bizarro haver reuniões semanais com o Presidente da República e apenas apresentações esporádicas (nos últimos anos mensais) no Parlamento. Confesso que sempre invejei o exemplo britânico, primeiro-mundista.
Quem quer acreditar um pouco mais na democracia representativa só pode concordar que se responsabilize mais o parlamento e que se lhe confira mais poder e relevância política/mediática.
Parte do caminho para a recredibilização dessa instituição terá de passar por esta lógica, aumentando consequentemente o relevo das figuras que os partidos conseguem cativar e resolvem canalizar para essa casa. Uma lógica que costuma ser defendida por todos os partidos quando estão na oposição e que se lhes varre dos objectivos quando chegam ao poder. Até por isso esta iniciativa do PS me parece particularmente louvável.
Como externalidade positiva conjuntural, a defesa desta prática ajuda a mitigar um bocadinho a preocupante imagem de fraco sentido de respeito democrático que vai chegando à imprensa sob o patrocínio de alguns dirigentes do aparelho do Estado com indesculpáveis omissões tutelares. Não servindo para encher a boca como demonstração definitiva de que tudo está bem, medidas como estas de defesa do parlamento apontam no sentido certo.
O seguinte passo (ou um de muitos) é o de caminhar para a máxima transparência na acção governativa, nomeadamente reforçando os mecanismo de controlo por parte da comunicação social. Há lá fora alguns exemplos positivos que poderemos mimetizar. Esperemos que também nessa matéria o PS prossiga importantes reformas quebrando com os maus exemplos do passado.