“Ainda falta algum tempo para conhecer os candidatos presidenciais. Mas, caso se confirmem os nomes avançados, à direita e à esquerda, podemos tirar a devida lição: os partidos políticos portugueses não têm quadros políticos.
Os partidos cresceram em democracia mas agem como crianças.
Os dirigentes actuais, quando receiam qualquer embate, chamam sempre pelo papá para resolver os problemas, como se este os pudesse resolver. Não só não resolve, por que os tempos são outros, como agrava.
O país caminha sem políticos.
Como é que se pode pedir liderança e rumo quando ninguém tem capacidade para assumir responsabilidades?
Estes tempos são bem a prova do porquê dos défices.
O défice dos números continua a reflectir (e penso que pouco) o défice político nacional.
Os partidos não geraram, e pelos vistos nem pretendem desenvolver, no seu interior, massa crítica.
Alguém referia há uns tempos, e bem, o apagamento, nos últimos anos, das fundações políticas, que podiam promover, como é sua competência, massa crítica.
Para que servem a Fundação Antero de Quental, o Instituto Sá Carneiro ou o Instituto Adelino Amaro da Costa? Exceptuando-se alguns encontros públicos para debater uma ou outra questão.
Os partidos estão repletos de caciquismo. Caciques sempre mais conhecedores das listagens de militantes do que da realidade da rua e das necessidades e prioridades do país. Mais preocupados com os benefícios pessoais, do que com a apresentação e assunção de orientações.
Os partidos portugueses têm um sério défice de conteúdo político.
A democracia partidária está debilitada.“
Carlos Castro, Tugir em Português, 24 de Julho de 2005