“O mais fácil é chegar lá. O mais difícil é saber manter”
Este sábio aforismo sobre a chegada à liderança feito a 8 de novembro de 2015 por Jorge Jesus tem hoje múltiplas aplicações na situação nacional, incluindo política. Sendo certo que chegar lá não foi de todo fácil ou linear, o mais difícil está, sem margem para dúvidas, pela frente num governo do PS com acordo de incidência parlamentar com os partidos à sua esquerda. Mas ter medo de coisas difíceis não é resposta digna ou aceitável para ser assumida pelos nossos representantes políticos, em especial por aqueles que receberam o apoio para procurar um caminho diferente ao atualmente seguido.
Houve um mínimo denominador comum para sustentar um governo com apoio da maioria absoluta dos deputados, agora falta provar no dia a dia que esse mínimo comum é muito melhor do que o máximo que unia PSD e CDS em termos de consequências para a vida e futuro do país.
De forma muito resumida, espero que o governo do PS com apoio do BE, PCP e PEV tenha longa vida e que nos faça prosperar. O mais difícil é sempre o que está por fazer que é uma outra forma de dizer que o futuro está em boa parte nas nossas mãos.
E entretanto, convém não deixar criar narrativas “demoníacas” como se fossem acts of god associadas aos maus da esquerda. Pergunto: o CDS assinou em 2002 ou em 2011 um documento no qual se comprometia a assinar de cruz os orçamentos do estado que o PSD desenhasse até ao final das respetivas legislaturas?
E estes quatro anos e meio desde 2011 foram um mar de laranjas azuis de bonança e entendimento na coligação?
Como já escrevi por aí, teria preferido ver BE e PCP também no governo, ainda assim hoje não sobra dúvida a ninguém que o capital político que os quatro partidos investiram neste processo é elevadíssimo e isso em política é das maiores garantias que realisticamente podemos ter como “cola” entre gente séria.
Todo o país está a ver e um pouco mais de metade desejoso por ter um melhor governo, melhores oportunidades e perspetivas de futuro com um governo de esquerda.
Agora o caminho far-se-á caminhando.
Melhor é possível. Cabe-nos prova-lo.