Se recuperamos o acesso aos mercados de forma sustentável e duradoura como é apregoado e se as taxas de juro são baixas porque somos muito bons e fizemos o trabalho de casa (ignorando sistematicamente o papel do BCE como faz o governo), para quê ter 24 mil milhões a pagar quase 4% de juros? Os tais €40 milhões ao ano só em juros negativos aos BCE mais algo entre €500 milhões a €900 milhões de juros pelo empréstimo que contraímos para ter essa almofada de que hoje se fala aqui?
Isto não bate certo com a narrativa do governo. Mas bate certo com a realidade. E a realidade é que a situação económica tem pés de barro. E é por isso que, apesar do custo, se calhar faz sentido ter esta “almofada” (que resulta da antecipação de crédito que achamos vir a precisar). Há um risco real de virmos a ter um colapso económico pior do que o de 2008 e de sermos confrontados com o cenário há dias repetido por João Ferreira do Amaral.
Aliás, para mim esta “almofada” é a prova definitiva de quão frágil continua a nossa situação e toda a política económica na zona euro. Tão grave que é prudente pagar um ror de dinheiro em juros por capital que está estagnado mas que queremos ter disponível para acudir a uma desgraça. A crise continua e tudo pode virar num ápice.

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