O que é preciso para a Zona Euro funcionar é politicamente inaceitável para os estados mais poderosos (sonhar com uma união fiscal completa é apenas isso, um sonho). O que é preciso para as pequenas democracias e economias que estão na zona euro funcionarem (mesmo com base zero seria difícil e não há base zero nenhuma) é politicamente inaceitável para os estados mais poderosos.
O que é preciso para percebermos que é um projeto condenado e que o nosso desígnio nacional dos próximos anos deve ser mitigar ao máximo o colapso que se avizinha?
Isto não quer dizer que o próximo PM deve ir a correr tentar tirar o país do Euro. Mas quer dizer que deve preparar a sua política interna e a nossa participação externa consciente desta impossibilidade e sendo vocal quanto a ela: nesta zona euro não temos futuro.
Não é uma vontade, é uma inevitabilidade económica determinada por um constrangimento político que pouco ou nada controlamos.
Haverá vida depois do euro, difícil (pelo menos no início) mas haverá. Não sei muito bem que país existirá dentro dele se por azar a negação da inevitabilidade durar muitos anos, mas parece-me que será algo insustentável em democracia e talvez mesmo como Estado. Acho que temos algumas “amostras” disponíveis, e isto já dura há um ror de anos sem que a sagrada solução única produza os efeitos estruturais que não pode produzir.