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Economia Política

Opinião: Subiram pensões mais baixas?

Está ali um ministro a gabar-se de ter aumentado as pensões mínimas. Um ministro do mesmo governo que cortou o complemento solidário para o idoso que, ao contrário das pensões mínimas, foi definido de forma a ser sensível à situação de carência dos visados. Ou seja, um governo que preferiu cortar no apoio a quem é sem sombra de dúvida pobre para aumentar pensões que abrangem quem é pobre e que não é.

Isto é motivo de orgulho e argumento político de valor? Eu tinha vergonha…

Originalmente publicado no 365 Forte.

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Partido Socialista Política

Opinião: Vamos fazer de conta que vamos votar numas legislativas?

Ando há uns tempo a demandar por maior vigor, clareza, acutilância e abrangência nos temas e causas que o PS vem patrocinando pelo país na luta contra o atual governo mas não me alegro particularmente com isto que escreveu hoje Carlos Zorrinho no Correio da Manhã:

“(…) Imagine que o PSD e o PP têm um bom resultado. Passos ligará afirmando … a malta aguenta! Ai aguenta, aguenta! Como diria Ulrich! Se, pelo contrário, o resultado for mau para o PSD e o PP, Passos será tentado a referir que o povo já não se deixa enganar. É preciso mais espaço para a economia respirar sob pena da instabilidade política e social se tornarem incontroláveis. E se ele não o disser, dirá Paulo Portas por ele. Dia 29 de setembro todos os portugueses vão ajudar a escrever a carta que Passos mandará à Troika no dia seguinte. É uma enorme responsabilidade. Estejamos conscientes disso ao exercer o nosso direito cívico.”

Publicado originalmente no 365 Forte.

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Educação Política

Opinião: Pelos bons colégios privados da capital

Quem já palmilhou colégios em Lisboa para colocar filhos (até na pré-primária) sabe quão absurdo é acreditar que o problema do acesso às boas escolas se resume a ter ou não ter dinheiro. Há honrosas exceções (e boas) mas ou a minha amostra foi tragicamente enviesada ou então anda muita gente a brincar ao faz de conta. Na generalidade dos colégios (tidos como bons) que visitei ou sobre os quais indaguei, ter dinheiro para pagar revelou-se condição necessária e nunca suficiente. Alguns foram muito claros em nos dizer porque nos aceitavam e eu fiquei bem instruido quanto à pouca eficácia de uma eventual resolução da barreira financeira para quem quer ter “liberdade de escolha” no acesso a essas escolas.
Cuidado, muito cuidado com o que para aí vem. É muito fácil fazer pior do que aquilo que temos hoje. É só querer. Entretanto, facto inegável: o ambiente, motivação, empenho e resultados na escola pública parecem-me claramente em franca degradação e a crise financeira e o corporativismo cego de alguns professores não explicam tudo.
Os relatos que tenho do caos injetado nas escolas com fonte no Ministério da Educação / governo nos últimos meses é chocante.
Vai demorar a recuperar a qualidade da escola pública que eu conheci e frequentei, em muitas escolas deste país. Disso não tenho dúvidas.

Publicado originalmente no 365 Forte.

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Educação Política

Opinião: Manual de gestão de um colégio privado para tótós

Estás a gerir um colégio de sucesso que cobra €600/mês por aluno e tens dado bem conta da concorrência. Geres um colégio de referência e a procura de alunos raramente é um problema. O teu objetivo de negócio é dar dinheiro ao investidor, ou seja, maximizar o lucro e fazê-lo perdurar.

Se amanhã souberes que o Estado vai passar a financiar as famílias dos teus alunos com €300 por mês sem impôr contrapartidas de monta, em particular, sem mexer na gestão financeira da casa o que farás depois de amanhã?

Depois de amanhã deverás aumentar a prestação para até €900 invocando, por exemplo, a crise recente e o congelamento do valor das propinas durante os últimos anos.

Recomendo-te que não sejas muito exuberante, não faças este aumento todo de uma vez, em rigor, não ao faças todo logo depois de amanhã, mas fá-lo.

Não te esqueças que tens o colégio cheio com os país a pagarem €600/mês à sua conta antes do apoio do Estado. Esse valor já sabes que eles conseguem pagar. Vai-te a eles e bom negócio!

Originalmente publicado no 365 Forte.

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Política Portugal

Diz o “Primeiro-Ministro” de Portugal: “O que é que a Constituição fez pelos 900 mil desempregados?”

Reproduzo texto que também publiquei no 365 Forte:

“O senhor Pedro Passos Coelho tem todo o direito de detestar a atual Constituição da República Portuguesa, tem todo o direito de mentir invocando decisões do Tribunal Constitucional que nunca existiram se lhe apetecer, tem até o direito de imputar todos os males do país, incluindo os que qualquer cidadão decente atribuiria à sua governação, ao Tribunal Constitucional e à atual Constituição invocando um nexo de causalidade entre os 900 mil desempregados e a lei fundamental do país.

O que o senhor Pedro Passos Coelho não pode é exercer funções de Primeiro-Ministro após ter exercídio todos os direitos anteriores. São incompatíveis com o juramento que fez quando foi empossado e com o mandato democrático que recebeu de todos os que o elegeram. 
E o senhor Presidente da República devia estar plenamente ciente de que o regular funcionamento da instituições é uma miragem quando um governo faz gala em desrespeitar a Constituição e enxovalha-la publicamente como foi feito há instantes. Se não pelas normas ilegais que insiste em aprovar, pela responsabilização política inaceitável que, sendo atribuíveis ao poder executivo e legislativo maioritário que suporta o governo, imputa aos juízes que cumprem estrimamente a função para a qual foram nomeados e à lei fundamental em que se centra o nosso regime democrático. 
Ficar quedo e mudo perante tudo isto, não é uma opção para quem se dá ao respeito, seja qual for a côr partidária de quem assiste a este vergonhoso momento da nossa democracia.

A frase que inspira o título é do atual PM e é esta “Já alguém se lembrou de perguntar aos 900 mil desempregados no país de que lhes value a constituição até hoje?