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Economia Política

Opinião: A culpa não é minha “O senhor ex-presidente do IGCP esteve parado”

A actual ministra das finanças informou hoje o país, em comissão parlamentar, que imputa ao ex-presidente do IGCP ter estado parado durante a parte do seu mandato que coincidiu com a atual legislatura (até o final de março de 2012) no que diz respeito à apresentação de dados e soluções para a questão dos swaps. Este, já havia dito que nunca lhe fora pedido que agisse sobre este tema. Temos portanto em conflituo de palavra.

Em sua defesa, a ministra acrescentou que, apesar da inação do presidente do IGCP, os serviços dessa instituição estiveram a trabalhar no assunto e, a dada altura, o próprio presidente terá patrocinado soluções. O tal que esteve inativo. É isto que extraio da notícia do Negócios e dos excertos apresentados. Confesso a minha dificuldade em entender o nexo destas declarações. Deixo ao critério de leitor procurar ajudar-me.

Termino contudo com um nota que creio refletir um problema perene e de solução imprescindível na gestão da coisa pública. Se a tutela de uma instituição ao serviço estrito do governo (sem particular estatuto de independência do poder político) deteta que o mais alto responsável da instituição é incompetente, incapaz ou objetivamente ignora ordens diretas, não se deve esquecer de exercer o poder de tutela! Que o tivesse demitido, de pronto. Ora pelo que recordo, também em notícia do Negócios, de inícios de março de 2012, o referido presidente do IGCP terminou calmamente o seu mandato, sem qualquer tipo de reparo, até ao ouvido hoje, a 30 de julho de 2013.

O dever da responsabilização e a falta do seu exercício é da estrita responsabilidade da tutela. Se o senhor bloqueva a investigação e ação numa matéria tão complexa e potencialmetne danosa para o erário público, porque não agiu a tutela em devido tempo e conviveu com tal gestão até março de 2012? Ou será que tal inépcia foi apenas apercebida nos últimos dias para servir algum oportunismo de argumentário político? Sinceramente, não sei, mas a margem para a especulação é total e legítima.

Originalmente publicado no 365 Forte.

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Política Portugal

Opinião: Autárquicas: uma imensa manta de retalhos

Quando um candidato autárquico se quer distinguir da concorrência direta local muito facilmente passa atestados a colegas de partido do concelho ao lado.

Exemplo muito propensos a transformarem-se em fogo amigo no concelho ao lado:

·         “Eu nasci, vivi e sempre morei cá na terra”

·         “Eu não dependo da Câmara pois no dia em que sair regresso ao meu posto na empresa xpto ”

·         “Eu tenho larga experiência em funções autárquicas”

Para um partido político, numas eleições autárquicas, dava jeito haver 308 redomas, uma sobre cada concelho. E que cada um soubesse só de si.

Argumentos para:

1) Desvalorizar a marca partidária nas autárquicas (a ideologia é razão mais frágil em autárquicas para determinar o voto);

2) Evitar leituras nacionais ambiciosas por via da compilação dos resultados locais

3) Refletir sobre o funcionamento dos partidos e sobre os parâmetros de campanha autárquica dentro de um partido de âmbito nacional.

Publicado originalmente no 365 Forte.

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Política

“Declaração ao país do líder da oposição de um país qualquer”

Portugueses,

O que se passou nas últimas 48 horas é pouco menos que humilhante para a nossa democracia e um autêntico atentado aos interesses nacionais.

Desmantelou-se o governo, ridicularizou-se a figura do Presidente da República e terminou-se o dia de forma completamente incompreensível. Há instantes, o Primeiro-Ministro num exercício de negação e de irrealismo inacreditável, informou-nos que amanhã vai a Berlim conforme previamente agendado. Nestes dois dias, o governo perdeu o ministro das finanças, reafirmou uma política fracassada promovendo a ministra uma secretária de estado ajudante do ministro demissionário e, finalmente, vê o líder de um dos partidos que conferem maioria absoluta ao governo bater com a porta, invocando como pretexto a nova ministra.

Que nos comunica o Primeiro-Ministro? Que o líder demissionário é um traidor (segundo o Primeiro-Ministro, deu o dito pelo não dito quanto a aceitar a nova ministra) e que está a agir de cabeça quente. Que faz o Primeiro-Ministro? Vai-lhe dar um tempo para refletir. Isto não é uma caricatura é a genuína anedota que nos foi contada há instantes por quem não tem as mínimas condições para continuar a ser Primeiro-Ministro de Portugal.

Uma anedota trágica pois sabemos que uma crise política na nossa atual conjuntura deve ser clarificadora, o mais rapidamente possível. Se havia reflexões a fazer que se fizessem em devido tempo e sem exposição pública alimentando um triste e oneroso espetáculo que, muito francamente, nos envergonha.  A cada hora de indefinição penalizam-se as empresas, as famílias e o Estado português, minando qualquer capital de credibilidade e respeito que os nossos parceiros tenham para connosco.

Perante a infantilidade deste Primeiro-Ministro que ameaça eternizar uma crise insana, é fundamental que o Presidente da República atue com a máxima urgência, criando as condições para encontrarmos a melhor solução possível para esta crise. Devolva-se a palavra ao povo. Agindo com celeridade e consequência face aos factos, é possível termos eleições dentro de menos de dois meses. Portugal não pode dar-se ao luxo de esperar.

Obrigado.

Líder da oposição

Também no 365 Forte.