Imagine dois países exatamente iguais com o mesmo PIB, desigualdade de distribuição de rendimento e taxa de pobreza. Agora imagine que em ambos há transferências sociais mas num deles estas são o dobro das que existem no outro.

Feitas as transferências e reapurando-se a taxa de pobreza, descobre-se que, no país onde há mais transferências, a taxa de pobreza desceu mais. No final, vem um político do país com as transferências menos generosas e diz que o seu Estado Social é menos eficaz pois, após as transferências, conseguiu reduzir menos a pobreza. Conclui assim que é preciso reformar o Estado Social talvez mesmo acabar com ele tal é a manifesta ineficácia do dito.

Creio que fica claro para o leitor que estas conclusões do político são um disparate pegado, afinal talvez o problema seja tão singelamente não haver uma redistribuição dos rendimentos tão significativa ou, de facto, haver problemas de afetação das transferências ou… um pouco de ambas. Certezas, com este tipo de dados, é que ele não pode ter.

 Em Portugal, mesmo com mais variáveis em cima da mesa (aquela história dos dois países iguais não existe, como se sabe) temos um Primeiro-Ministro que conclui disparates destes e vai mais além.

Triste sina.

 A ler: “Da série “A Fenomenologia do Ser”: Ignorância ou má-fé? [27]

Publicado originalmente no 365 Forte.

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