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Uma nota positiva sobre as sondagens para variar

Com tanta gente a zurzir nas sondagens, particularmente na da Católica coordenada pelo Pedro Magalhães, quase me esquecia de deixar aqui uma nota positiva, da mesmíssima sondagem. A última sondagem do CESOP antes das eleições europeias previu que o MEP teria entre 1,3% e 2,7% dos votos. Teve 1,5%, dentro do intervalo, portanto. Se as coisas não correram tão bem em relação ao CDS, não deixa de se justificar que neste particular, o de prever a 6ª força política (sem histórico, sublinhe-se) a precisão bateu aos pontos a concorrência. Acertou ainda na 7ª força política prevendo 1% para o PCTP-MRPP que acabou, de facto, com 1,2%.

O problema das sondagens não é o “valem o que valem”, o problema é fazermo-nos de esquecidos quanto àquilo que são e que podem conseguir dizer. Não se esqueçam que a palavra “Erro” faz parte do coração de toda a teoria estatística que as suporta. Como dizia o sábio: só não o receia quem está disposto a corrigi-lo.
Também publicado no Eleições 2009.

One reply on “Uma nota positiva sobre as sondagens para variar”

A questáo crucial é a de saber se o esquecimento que referes – a da dimensão do “erro” – é do público, do cliente ou do sondagista. Ou seja, há uma retórica dos sondagistas, tecnocrática, que manuseia a ideia de “erro” (em termos mensuráveis) que tem efeitos sociais, políticos. E isso é uma prática corporativa, interessada (quantas vezes interesseira). Não se trata de exigir que as sondagens “sejam certas” – por definição não o podem fazer, são uma previsão – trata-se de exigir uma deontologia aos sondagistas, seja na forma como fazem como na forma como apresentam (o que quer dizer ao homem comum “margem de erro de 3,7 por cento” por exemplo?) os resultados, seja na forma como se associam com os clientes, em particular em momentos eleitorais.

O que se passa é uma vergonha. Isto náo significa dizer que o que se passa é uma incompetência. Significa sim dizer que o que se passa é uma manipulação, um atentado explícito e desejada à democracia. Por motivos empresariais (dá cá) – eu dou-te o exemplo de um post que me repugnou, quando no margens de erro: auto-citação de um texto de há quatro anos, a referir da incapacidade para prever comportamentos eleitorais para as eleições de há 4 anos. Mas dito (lembrado) apenas depois das eleições (e do falhanço das sondagens, claro) – nada disso contou na dimensão de indução de voto durante o pré-eleitoral através das apresentações de resultados sondageiros

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