Outonal luminosidade.Nuvens prenunciando municipal maldade…
Mação e as más acções de quem tudo devia fazer para que as despedidas de domingo, de uma vez por todas, jamais voltassem a acontecer.
O sol quando se põe é para todos.Que culpa temos que o presidente da câmara ande tão distraído e que julgue que é só para si?!
Já depois de publicado este texto, recebo, como muitos amigos, as iluminadas palavras do Pe Vítor, ele mesmo um cardiguense dos sete costados ao serviço da Palavra e que, todas as semanas, nos ilumina com a leitura antecipada do evangelho do próximo domingo.
Sirvo-me dele para trocar por miúdos o que deixo enunciado no texto que serve de chave para a leitura da imagem publicada.Num momento em que não me é possível ir mais longe, tomo a liberdade de publicar na íntegra palavras que me reconfortam e, sobretudo, me confirmam na justeza da luta que travo pela recuperação do Centro Histórico de Mação , aqui, como aqui e que, pelos vistos, incomodam quem deveria sentir-se agradecido por ver munícipes contribuir para que Mação não morra, preservando, sem fundamentalismos, mas sem excepções amiguistas, o seu património.
Voltaremos, sem dúvida
antónio colaço
À PROCURA DA PALAVRA
P. Vítor Gonçalves.DOMINGO XXVII DO TEMPO COMUM.
Ano A.
“Tudo o que é virtude e digno de louvoré o que deveis ter no pensamento.”Fl 4,8.“Não sou o único”.Este ambiente de crise em que estamos envolvidos, do instável preço do petróleo às cavalgadas das taxas de juro, do sobe e desce das bolsas às situações desesperantes dos mais necessitados, traz consigo um sentimento de que é algo que atinge todos (mais a uns que a outros, mas estamos no mesmo barco!). Fico perdido no meio dos números e não consigo deixar de me indignar com o absurdo do luxo e da opulência de algumas vidas. Questiono-me sobre as opções económicas que privilegiam o lucro escandaloso que não gera desenvolvimento, e caio na tentação de “ler” a parábola dos vinhateiros homicidas, como se fosse um retrato do mundo, em que nos arvoramos em ser donos e continuamos a “matar” filhos, lançando-os fora da vinha! Como dizia o Zé Pedro e cantavam os Xutos e Pontapés, também acho que “não, não sou o único / não sou o único a olhar o céu“!Coincidem estes dias com as vindimas e o Evangelho sublinha-o em parábolas lindíssimas. São espantosas sínteses da história da Salvação; de um Deus que trabalha e dá trabalho, que se maravilha quando descobrimos como é bom trabalhar na sua vinha, que diz claramente aos que se julgavam “os únicos” em santidade e grandeza em Israel (os príncipes dos sacerdotes e anciãos do povo da parábola de hoje), que o reino de Deus lhes será tirado e “dado a um povo que produza os seus frutos” (quer dizer, quem ame mesmo e não ande por aí em fingimento e hipocrisia!). A sede de poder e protagonismo podem aparecer em qualquer lugar e o campo religioso parece que os potenciam. Ainda pesa muito a lógica dos privilégios e dos méritos de quem acredita: mais “cumpridor” das leis e mandamentos, mais “perto” de Deus, mais “conhecedor” da sua vontade, mais “protegido” das intempéries, mais “merecedor” da salvação! Ainda bem que Jesus veio escaqueirar esta lógica auto-suficiente. Graças a Deus que Deus não fica preso nas pretensões de nos considerarmos “os únicos”!É verdade, hoje tenho andado com a canção dos Xutos. Porque acredito que o amor de Deus nos faz sempre únicos mas, quando nos julgamos os únicos fechamo-nos a esse amor, e toda a auto-suficiência acaba por matar. Muitos judeus julgavam-se melhores que os outros homens porque tinham uma Lei e liam a Bíblia, mas Jesus ensina que conhece melhor a Deus quem se converte e ama. E até São Paulo irá reconhecer essa presença de Deus em “tudo o que é verdadeiro e nobre, tudo o que é justo e puro, tudo o que é amável e de boa reputação, tudo o que é virtude e digno de louvor.” Ser único mas não ser “o único” que implicações nos traz?