Hoje fui ao centro de saúde com a pequena. Cheguei às 15h50m (sim, olhei para o relógio). Aguardei pacientemente pelo elevador com a petiz sentadita no carro de bebé. Infelizmente, o único elevador preparado para carros de bebé e cadeiras de rodas está programado para descidas e não para subidas. Explicando: o canal de acesso ao elevador mal dá para estar um carro de bebé (sobram para aí 25 cm entre a parede e o gradeamento de protecção). Se por "azar" vem a descer um outro carro de bebé há que fazer marcha atrás até a "via" ser suficientemente larga para os dois caberem lado a lado. Fazendo-se isso – que eu tive de fazer – descobre-se que é depois impossível entrar no elevador: ele não fica à espera que se completem manobras destas em segurança e toca de fechar as portas e subir. Como comprovei mais tarde, o mesmo se aplica a idosos com algumas limitações moderadas de locomoção. É um sarilho conseguir entrar sem ser guilhotinado se houver gente a sair.
Com um pouco de sorte na viagem seguinte do elevador vem alguém de cadeira de rodas e a história repete-se. Com mesmo muita sorte pode-se passar nisto meia-hora ou mais. Afinal o edifício, que não pode ter sido desenhado para ser um centro de saúde, tem nove andares.
Não tive tal sorte, demorei apenas 15 minutos a conseguir chegar ao 5º andar. 16h05m. Era para uma vacina… Lamento, diz-me a enfemeira, vacinas era só até às 16h00. Que visse mais cedo. Ora toma!
Está história ao pé das que conheço onde amigos meus esperam – sem saber quem chegará primeiro – por uma consulta/operação ou pela morte, é absolutamente ridícula. Ainda assim não tão ridícula quanto as declarações que hoje ouvi a uma secretária de estado adjunta do corrente governo. Carmen Pignatelli de seu nome (que já deu muito que falar no passado Verão), refutava um número sobre as listas de espera resguardando-se na possibilidade de muitos dos que esperam já terem morrido desde que tal número foi apurado. Garantidamente a secretaria de estado adjunta fala verdade, uma verdade inominável que ela deveria invocar como motivo de trabalho mais árduo e nunca como argumento para defender que o número "verdadeiro" era um mal menor.
Duvido que venha a pedir demissão, tal como duvido que seja demitida, o que por si diz muito sobre a política de saúde e quem a dirige neste governo.
Neste caso, mais do que "ilações políticas" compreenderia perfeitamente que algum desses meus amigos, tendo ainda forças suficientes, lhe oferecesse, à senhora, um sonoro par de estalos ou um murro no estômag ou o mais "correcto" balde de trampa pela espinha abaixo, sensações que muitos terão sentido quando ouviram a declarações políticas. Espero sinceramente nunca me cruzar com a senhora e de preferência nos próximos dias.
É gente assim que dá má fama à palavra "político" e "socialista". Tão simples quanto isto.