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Quem quer deixar de ser governo? (act. II)

Com exemplos destes, chamemos-lhe Dalila ou chamemos-lhe Francisco, parece que ninguém quer governar este país. Ou então pensam que somos mesmo todos muito, mas mesmo muito estúpidos. Seja qual for o nosso à priori é extremamente difícil defender o Governo em mais este caso. Há por aí alguém que me ofereça bons argumentos para esta vassourada no Museu Nacional de Arte Antiga?  Isto de termos maiorias absolutas… Isto de termos "estabilidade"… Isto de não termos oposição com crédito…

"(…) Um bolchevismo cultural onde só há um pensamento (o da elite do Governo) e onde é mais importante ser seguidista do que inovador. Dalila Rodrigues dizia coisas que a ministra não gostava de ouvir? Dizia. Mas que se pode esperar de quem gere um museu (ou um teatro) onde se têm de debater ideias, fórmulas de financiamento ou formas de atrair público? A cultura não é uma empresa pública de minas ou de portos. Há afastamentos que são defensáveis. Neste caso é um verdadeiro atentado à inteligência nacional. É com gestos destes que se quer atrair massa crítica para o país? Dalila Rodrigues fez do Museu, contra todos os poderes burocráticos estabelecidos, um exemplo de gestão: fez renascer um local moribundo, no ano passado os visitantes aumentaram mais de 80%, trouxe a Portugal a inexcedível colecção Rau, teve menos fundos estatais mas conseguiu criar ligações fortes ao mecenato. Qual foi a sua culpa? Incompetência? Não: a discordância com o modelo de gestão. Como antes Pinamonti, no São Carlos, Dalila Rodrigues é mais uma vítima da paz de Isabel Pires de Lima. Para quem paz é o silêncio dos inocentes que não pensam. (…)"

Fernando Sobral no Jornal de Negócios

ADENDA: Outras leituras no Hoje há conquilhas.

Continua aqui (5 de Agosto de 2007). 

6 replies on “Quem quer deixar de ser governo? (act. II)”

[…] Quem quer deixar de ser governo? Por Rui Cerdeira Branco. Com exemplos destes, chamemos-lhe Dalila ou chamemos-lhe Francisco, parece que ninguém quer governar este país. Ou então pensam que somos mesmo todos muito, mas mesmo muito estúpidos. Seja qual for o nosso à priori é extremamente difícil defender o Governo em mais este caso. Há por aí alguém que me ofereça bons argumentos para esta vassourada no Museu Nacional de Arte Antiga? […]

Podem ter muita razão as pessoas que clamam contra a não renovação do mandato da Sr.D.Dalila,ou clamam por causa do afastamento do Pf.Charrua da DREN.Mas não nos deixemos ir atras do clamor público dos partidos da direita,porque eles fizeram o mesmo ou ainda pior,na semana passado soubemos que o Estado foi condenado a pagar grandes indemnizações aos Directores exonerados pelo Dr.Bagão Félix quando foi ministro do Trabalho.E certo que alguns ministros se poem a jeito,mas talvez não tarde a vez deles.A minha preocupação é que estes espaços noticiosos não substituam a discussão do facto de que estes casos acontecem todos os dias nas empresas privadas,mas as grandes peocupações dos políticos é assobiar para o lado.

Os Directores exonerados pelo Dr.Bagão Félix recorreram aos tribunais e ganharam. Alguém sabe se a Dra Dalila Rodrigues o fez?
Estou certa que ganharia também .A nossa lei baseia-se em princípios democráticos. Estou firmemente convicta que estas exonerações sumárias injustificadas não têm cobertura legal. Mesmo que o lugar seja de nomeação política, os políticos eleitos têm de prestar contas, ou não?

Os directores exonerados pelo Dr. Bagão foram efectivamente exonerados, ainda por cima por fax. A D. Dalila R. não foi exonerada, terminará a sua comissão de serviço até ao final do prazo (Setembro) e não será reconduzida. É assim que funcionam as comissões de serviço. Além disso a dita senhora já várias vezes tinha posto o lugar à disposição e já várias vezes tinha afirmado com não concordava em trabalhar com o modelo de gestão definido pela tutela (que é quem tem legitimidade democrática para o fazer) e pretendia que o museu ficasse autónomo. Mas quem é que a D. Dalila se julga?

Dalila Rodrigues tem uma personalidade exuberante, empreendedora, dinâmica, competente. Todas estas qualidades mais a sua discordância sobre as políticas governamentais na área da museologia não são questionáveis. No entanto, um alto funcionário do Estado também tem obrigações. Não foram as discordâncias de Dalila mas o modo como as expressou que foram um autêntico tiro no pé. A considerar-se legítimo que Dalila tenha vindo para os orgãos de comunicação fazer combate político ao organismo que tutela o MNAA, não é menos legítimo que o mesmo organismo não a tenha reconduzido no cargo.
È pena que tenha sido assim, mas talvez não restasse alternativa.

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