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"A liberdade de expressão… a que temos direito"

Via LNT recomendo um informativo e formativo texto do Gomez na GLQL: "Afinal, diz tinto ou diz branco?".

Um texto onde a recente questão envolvendo o Museu Nacional de Arte Antiga é apenas um pretexto para afinar a leitura em relação a isto:

" (…) Os funcionários de carreira da administração pública, que vivem no mundo real, não se enganam na leitura dos reiterados sinais políticos que o Governo está a dar. Em tempos de PRACE, de novas regras de avaliação, de quadros de disponíveis e afins, sabem bem com o que podem contar, na prática, se divergirem do pensamento único. Como Sophia, não ignoram “…as outras maneiras que sabemos, tão sábias tão subtis e tão peritas, que nem podem sequer ser bem descritas”. (…)"

5 replies on “"A liberdade de expressão… a que temos direito"”

Eu gostava de saber o que é que você pensa sobre essa parvoíce do “pensamento único” em relação ao sector privado. Toda essa preocupação com a liberdade só é aplicável ao sector público/EstADO? Porquê? Sophia não fazia distinção…E Salazar também não…É só para pensarem como toda essa conversa da falta de liberdade de expressão é uma cretinice, compreensível nos partidos de direita (que acham que é assim que se faz oposição…sem grande êxito, diga-se de passagem…)mas incompreensível em quem se diz de esquerda!

Clara,

Para simplificar, acho que o argumento da Clara (“ah mas então porque é que não se discute o que se passa no privado”) é fraco argumento. Até parece uma fuga para a frente.
Sugiro antes que se discuta o Publico sem ruído até porque a comparação é complicada e a grelha de análise deve ser necessariamente diferente.

Nestas matérias, a coisa pública tem e deve funcionar próximo da irrepreensibilidade, pelo menos em Democracia. Só assim conseguiremos ter um Estado com autoridade para poder regular algumas matérias do privado.

Quanto à oposição: era o que me faltava entrar em reservas mentais só para pontualmente não ser apanhado a dizer o que dirá o Marques Mendes. Eu penso pela minha cabeça e cumpro o meu papel de cidadania. Neste momento vi com os meus olhos e assisto na praça pública a atitudes inspiradas e praticadas pelo governo que não dignificam o Estado e que têm e devem ser denunciadas antes que assuma proporções nefastas. Por enquanto ainda acredito que dentro do PS e do Governo há também muita gente incomodada com “algumas coisas que se estão a passar” e até percebo que qualquer governo com maioria absoluta tenha dificuldades em controlar certos tiques de alguns elementos nomeados políticamente. No dia em que perceber que por acção ou omissão continuada o próprio governo permitir a ambiguidade, estaremos muito mal e provavelmente deverá deixar de poder governar.

Não é pelo PS ser de esquerda e ter uma história de luta pela liberdade que me dá garantias hoje de não vir a abusar do poder. Em certo sentido, sendo eleitor do PS considero-me mais responsabilizado para criticar aquilo de que não gosto e que acho pouco digno democraticamente ou mesmo pouco racional numa lógica de governação com vistas largas.
Não estando “lá dentro” uso os meios que o cidadãos comum tem ao seu dispôr: a opinião em público.

Incompreensível para mim é ver alguém com o argumento de ser de esquerda ou da direita
para o limitar a criticar e a alertar para deficiências no direito ao uso da liberdade de expressão. É uma questão que está bem para lá das “direcções”, pelo menos entre os democratas.

Evidentemente, postas as coisas assim, não posso deixar de concordar consigo, mas não vale criticar e gritar “às armas!” quando não se conhecem todos os contornos das questões. No caso da directora do MNAA, falta ouvir as explicações da ministra no Parlamento para se poder tirar uma conclusão. Quanto aos outros casos muito falados, sinceramente pareceram-me mais guerrinhas partidárias locais do que qualquer cerceamento das liberdades. Aguardemos…

No mínimo deveremos exigir clarificação.
Não me vou repetir quanto ao que penso em relação a este caso. Face ao que vou lendo por aí e até nos comentários a posts anteriores, julgo estar longe de ter uma posição extremada e ingénua. Não havendo santos nem anjinhos houve timmings errados, formalismos fraco perante conteúdos de peso e, se calhar, alguma falta de coragem para levar as decisão às últimas consequências políticas (de parte a parte). Como digo, permanece margem para ambiguidade, para a vitimização, para a dúvida quando à defesa do interesse público e para alimentar o sentimento crescente de que tudo pode acontecer. Daí a citação do post do Gomez.

Absolutamente de acordo contigo, Rui.

Sempre que nos silenciamos sobre a liberdade damos mais um passo para a perder.

É que ao contrário do que muitos pensam a liberdade não é um direito adquirido.

É um bem pelo qual temos de nos manter atentos e vigilantes, muitas vezes nem sequer atentos ao topo da pirâmide, que até conhecemos e em quem em princípio confiamos, mas sim aos semi-peões que se arvoram, em bicos de pés, os defensores dos poderes instituídos.

São esses pequenos poderes que temos de controlar e para eles alertar os poderes maiores.

A liberdade de expressão é um direito total e permanente.
As condicionantes que lhe sejam levantadas só poderão advir da Justiça e nunca do poder político.

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