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Regressemos então à política.

Escrevia aqui, "Lisboa: chegou a hora de preparar o futuro", a 17 de Fevereiro:

"(…) Quanto ao PS, a questão que se coloca é saber que opções é que quer ter na disputa política que se avizinha. A tentação de recuperar o passado, incluindo pessoas e coligação, já vai sendo ventilada, contudo, pelo que aqui disse preferiria que se apostasse de facto em uma equipa base onde predominasse gente nova no executivo da cidade. Gente capaz de negociar com todas as cartas uma eventual coligação; algo só possível se a não formação da própria coligação for considerada como uma hipótese real durante as negociações…

Não precisamos de saber o que se está a passar internamente (pelo mesno para já) mas espero que se esteja a passar algo desde já; que haja decisões em vias de serem tomadas e que haja projectos em elaboração. É o tempo de fazer os trabalhos de casa e, porque não, admitir que está na hora de se tentar um trabalho Seguro e profissional, com o apoio genuíno do actual líder do partido, para variar. Internamente está a chegar a hora de os interessados se chegarem à frente (ou pelo menos deveria ser assim se a política partidária fosse o que deveria ser). Depois destas tristes e sucessivas más experiências no executivo da câmara, eu votava para ver."

Anda por estas horas tanto aprendiz de feiticeiro a comer o chapéu… Sim, é como o Paulo Gorjão diz: José Sócrates voltou a perder o pé na escolha de um candidato do PS. Talvez andasse demasiado ocupado a garantir certos não-candidatos.

Chapelada para Helena Roseta!

Sinceramente em eleições autárquicas sou particularmente tentado a mandar às urtigas fidelidades partidárias. Sendo também executivas, elege-se de facto e de jure o primo inter pares de uma cidade/concelho. Aqui, inquestionavelmente, a pessoa faz o votante, muito mais do que o partido. Se dúvidas houvesse, o bom marketing de Santana Lopes e Carmona Rodrigues, por oposição à arrogância de João Soares e de Manuel Maria Carrilho, provaram-no repetidamente. 

Mesmo assim de Santana Lopes direi que ainda me espanta que tenha vingado em Lisboa (e se eu fico espantado haverá ainda quem esteja em negação, dentro do PS, por exemplo), quanto a Carmona Rodrigues revelou-se mais como o epílogo da tragédia Santanina do que o engenheiro atento que sabia onde emendar os terríveis erros do "amigo", infelizmente. 

Para os que como eu desgraçadamente votaram em Carmona Rodrigues, o dia de hoje é de regozijo, de redenção. Renasce a esperança.

Quanto a Helena Roseta só posso agradecer estar a contribuir para aumentar a fasquia junto da coligação de esquerda quando às escolhas e ofertas políticas que virão a propor aos munícipes. Um dos males da nossa política parece-me ser precisamente esse: demasiada estabilidadezinha, demasiado respeitinho partidário e muito pouco espaço para o conflito além dos salamaleques clássicos de prima donas e wanabees.  Quando o meio é extremamente avesso ao risco e está arreigado acima de tudo o calculismo e a auto-preservação (sentimentos e práticas indispensáveis mas na sua devida conta) o tipo de dificuldades colocadas por Roseta (e Manuel Alegre) são saudáveis. Quanto a Alegre faltou-lhe substância, mas podemos "descontar" a dificuldade de marcar a diferença numa eleição presidencial (contra o seu Mário Soares – e vice versa). Relativamente a Roseta, o espaço de manobra é imensamente maior assim haja ideias, conhecimento de causa e reflexão convincente produzidas pela candidata.

Mais do que temer o favor pela dispersão de voto que poderá fazer às direitas, deveríamos ver a oportunidade de promover um empenho redobrado e competente a quem mais se proponha agarrar a complicadíssima tarefa de vir a ser o próximo presidente da câmara da capital.

Para começo de conversa, já estou melhor servido que há dois anos atrás. E estritamente pensando no fenómeno político-partidário, está garantido que os próximos dias serão de excitação muito rara. É fácil imaginar cenários curiosíssimos… Haja maturidade e ousadia.

3 replies on “Lisboa”

Caro Adufe,
Ainda nem sequer saiu duma trapalhada e já esta a pensar em meter-se noutra. Da outra vez certamente pensou que fez milhentos cálculos e juizos mas apenas fez calculismos e palpites e depois votou Carmona e se calhar já tinha acreditado nas capacidades oratórias do notabilissimo e impagável Santana. Numca se perguntou por que razão o Roquete o tirou à pressa do Sporting ao fim de seis meses? Nas recentes eleições presidenciais acha que Manuel Alegre queria ser realmente Presidente? E a caça, a pesca, a edição de livros, o falar alto de vez em quando em voz grossa com ares de patrão-padrinho do partido, lá se iam com o ter de estar permanentemente na política.
Não vá por aí, quem actua sempre à revelia e por revanchismo, por impulso de capricho vingativo, não tem honestidade capaz pese embora o palavreado melodioso de encantar basbaques. Os sempre instáveis ao sabor da conta corrente diária correcta acabam dando em salta-pocinhas e ao mais pequeno percalço saltam do barco. Para mais, em Portugal, sem o apoio dum grande partido.
Eu já não voto em Lisboa mas acho que o que aconteceu é pura e simplesmente culpa dos escolarizados lisboetas que fazem mil jogos de cálculos e depois votam Santanas.
Assim não se queixem.
José Neves(apcgorjeios.blogspot.com)

Se tiver paciência para consultar os arquivos verá que votei em Mário Soares, perceberá o que penso de Santana Lopes e de Manuel Maria Carrilho e compreenderá facilmente porque acabei votando em Carmona Rodrigues. Basicamente senti-me empurrado pelas alternativas que conhecia. O resultado é que este se provou em muito poucas áreas melhor do que o que esperaria dessas.
Não é por Carmona Rodrigues se ter revelado um presidente sem rumo que Manuel Maria Carrilho se me afigura melhor do que aquilo que demonstrou em campanha…
Não meu caro José, Santana e Carmona ganharam por manifesta falta de comparência da oposição supostamente mais forte. João Soares foi arrogante, Manuel Maria Carrilho escuso-me a comentar. Ambos fizeram muitos eleitores do PS ficar em casa e outros (no caso de Carmona) a votar na concorrência. Se me voltarem a chantagear com o mesmo tipo de propostas lá teria de tentar de novo, acertar noutro candidato. E como disse pelo menos em algumas matérias Helena Roseta oferece-me melhores garantias do que o então ainda muito desconhecido Carmona Rodrigues, ou seja, para começo de conversa, já estou melhor servido.

Não percebo esta historia dos candidatos independentes,eles só se tornam independentes porque não são escolhidos pelos partidos a que pertencem,é o caso da agora independente Helena Roseta.Quanto a Carmona Rodrigues até lhe daria razão se tivesse tomado esta posição quando o Dr.Marques Mendes criou toda aquela confusão que levou a queda da coligação com o CDS,ou então quando aceitou a orientação para a suspensão dos outros dois vereadores que foram constituídos arguidos.Desde já esclareço que não tenho nada a ver com o PSD,mas desta vez Marques Mendes teve razão.

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