A valor hoje apurado para 2006 (-3,9%) corresponde a uma perspectiva muito positiva e absolutamente inesperada, na sua dimensão, quanto à evolução do controlo do défice público aproximando-se o valor do estabelecido como meta para 2007. Na realidade, perante as tradicionais tangentes ou ultrapassagens aos objectivos planificados e predefinidos, é significativo que esta primeira estimativa fique tão distante pela positiva do valor com o qual o governo português se havia comprometido: 4,6%. Um muito bom momento (relativo a factos concretos) para o governo de José Sócrates. Esperemos que da próxima vez e para memória futura de futuros governos, haja mais contenção, serenidade e sentido de Estado nos dias que antecedem a divulgação pública da informação.
Ao nível da dívida pública (suponho que por via do aumento das responsabilidades do serviço da dívida em ano de incremento internacional das taxas de juro), o cenário não é animador, contudo, se a estimativa agora divulgadapara o défice se confirmar e se servir de referência para o esforço de contenção que ainda falta realizar, o mínimo que se pode dizer é que estamos no bom caminho. Haja inteligência, serenidade e coragem para se perceberem as dificuldades, as armadilhas e os erros grosseiros que estão sempre à espreita no horizonte.