- Nestes tempos de considerável acrimónia entre alguns bloggers e alguns jornalistas;
- Nestes tempos em que há entre muitos jornalistas o "regresso" da prática do jornalismo de causas;
- Nestes dias em que se repetem acusações cruzadas entre jornalistas e juízes;
- Nesta época em que a existência de uma Entidade Reguladora para a Comunicação Social é tudo menos um corpo aceite;
Por estas horas de divisão e de alguma perplexidade mútua, proponho um desafio singelo:
Caro blogger, tenha a coragem de escolher pelo menos três jornalistas portugueses vivos e no activo que admire, justificando as suas razões se assim o entender. Não prometo compilar respostas ao estilo de uma qualquer competição para eleger o melhor, mas gostaria sinceramente que houvesse quem se dispusesse a trocar umas ideias sobre o assunto (naturalmente os jornalistas estão também convidados). Quem é para o caro leitor digno de ser referência no jornalismo nacional contemporâneo?
Num futuro post revelarei as minhas escolhas do momento. Haverá mais quem se atreva?
20 replies on “Desafio à vizinhança – Qual é o seu jornalista favorito?”
Aviso prévio: sou jornalista, desempregado, por isso sem qualquer “interesse” neste ou naquele jornal. Há três jornalistas vivos e no activo que admiro (muito): Adelino Gomes, José Pedro Castanheira e Cândida Pinto. Os três destacam-se quanto a mim, no mesmo campo, ainda que com estilos diversos: a reportagem. Seria um exercício demorado nomear trabalhos de cada um, mas posso citar as reportagens nas guerras do Golfo e em Timor-Leste (referendo e independência) de AG; os trabalhos de aturada leitura da História recente do país (Guerra Colonial, Ditadura do Estado Novo, 25 de Abril, PREC), por JPC; ou a reportagem-documentário sobre Snu Abecassis, por CP. As razões: a escrita, a limpidez, a objectividade. Porque mesmo em campos onde é fácil serem “de causas”, estes jornalistas sabem encontrar a palavra certa, a frase apurada, o relato vivo do que se vêem, descobrem, ouvem…
Ah, e ao contrário do que se pensa, há outros, muitos outros jornalistas que é possível admirar, dos mais velhos aos mais novos, de famosos a “obscuros” fazedores de letras. Mas a lista pecaria sempre por defeito ou omissão. Ficam os três que pediste, caro Rui.
Pois aqui vão 4 nomes: Adelino Gomes, Cândida Pinto. José Pedro Castanheira, Maria Flor Pedroso. Talvez arranje mais uns quantos, mas poucos mais.
Basta dizer que poderia subscrever a tua lista Miguel ainda que eventualmente venha a designar outros. Identificar a obra com o autor é também muito importante no jornalismo e seria bom que entre o público essa “preocupação” fosse ganhando adeptos. De certa forma seria a melhor garantia para o jornalista conseguir desempenhar bem o seu trabalho. vamos ver no que isto dá. Obrigado pelo contributo Miguel e faço votos de que arranjes emprego depressa.
Vou ver se arranjo uma forma prática de aqui publicitar as opiniões (para a eventualidade de se sucederem).
E vão quatro Cecília, excelente complemento na minha opinião!
Adelino Gomes nos jornais. Carlos Vaz Marques na rádio. Cândida Pinto na televisão. Uma lista, inevitavelmente, injusta para alguns que ficam de fora, dada a limitação apenas a três nomes.
Quando indiquei os nomes ainda não tinha visto as escolhas do MM. Posso acrescentar o Carlos Fino e o Paulo Camacho. Se calhar estou a exagerar, mas não estou a lembrar-me de mais nenhum que valha a pena.
Adelino Gomes
Correndo inevitavelmente o risco de esquecer alguns jornalistas – e procurando evitar ser ‘induzido’ pelos comentários anteriores – destacaria Francisco Sena Santos, Carlos Vaz Marques e Fernando Alves (são todos da rádio, bem sei…).
De repente e sem mais considerandos: Adelino Gomes, Cáceres Mon.., que pena já não poder, Cândida Pinto, António Soares, Mário Crespo.
Desculpem as duplicações.
Caro Rui,
com a devida adaptação, “É impressão minha, ou também acha que esta iniciativa do [jornalista preferido] tresanda a manobra populista e é, até, um bocadinho ridícula?”
(a adaptação é minha de um texto original do http://bloguitica.blogspot.com/2007/01/o-prmio-152-impresso-minha-ou-tambm.html sobre o prémio aos professores).
Mas o Rui podia prosseguir: quem são os três melhores profissionais de estatística do país; quem são os três melhores políticos, os três melhores enfermeiros, bombeiros, polícias, prostitutas, candidatos a astronautas? Porquê só os jornalistas?
Caro Rui, com a devida estima por anteriores blogoconversas de nível, uso o exagero apenas para demonstrar que a moda de eleger os melhores portugueses em qualquer área é – assim a modos que – (es)forçada.
Fiquei sem saber quais seriam os jornalistas que estima PedroF. É que atendendo a todos os considerandos (que não encontra para as demais classes – aqueles com que iniciei o post) tem alguma piada ver se são todos maus ou se ainda há algum bloggers que se atreva a elogiar um jornalista… Acha esse (es)forço ridículo?
Suponho que não podemos citar os jornalistas de colunas de opinião.
Sendo assim, atentem na Teresa Firmino da secção de ciências do Público.
Manuel Carvalho (lucidez, raciocínio, objectividade, ponderação, estudo e clareza de ideias)
Mário Crespo (Esperteza, preparação, imparcialidade, simpatia, espaço na entrevista)
Adelino Gomes (modelo de jornalista de investigação com categoria mundial)
Acho
Ok. É o risco que corro. Mas confesso que não me arrependo. Estou fartinho de nos últimos dias ter ouvido/lido jornalistas a queixarem-se de que são os profissionais mais escrutinados à face da terra (em atitude de calimero). Quem me dera a mim ter o meu trabalho escrutinado, debatido (na esperança de ser utilizado, compreendido e melhorado) e por maioria de razõa mal do jornalista que não tem escrutínio – o pior crítico devendo ser ele próprio.
Como acho que nos últimos dias se tem revelado algum do pior jornalismo possível cá por casa, deu-me para ver quem resiste, se há alguns traço comuns àqueles que são alguns dos preferidos pelos leitores que me leêm.
De qualquer forma a analogia que o Pedro F faz com o exemplo da Ministra da Educação não me parece justa. Eu não pretendo atribuir um prémio, nem escolher o melhor, nem estabelecer um ranking. Tão singelamente: quem pode personificar o paradigma do bom jornalista para aqueles que por aqui passam? Haverá um jornalista tipo? O que o distinguirá?
Amigos como dantes.
Abraços!
Caro Rui,
eu não defendo que os jornalistas “são os profissionais mais escrutinados à face da terra (em atitude de calimero)”. Mas devem ser os mais escrutinados à face da blogosfera (ainda hoje escrevi sobre isso no ContraFactos).
Por uma razão simples: os bloggers lêem jornais (em papel ou online).
Ora quando o Rui quer escolher (ou dar a escolher aos seus leitores) os melhores três jornalistas – apesar de dizer que não pretende “atribuir um prémio, nem escolher o melhor, nem estabelecer um ranking” – está a fazer o quê?
Está a seleccionar, a propor uma selecção (não é original, acho que foi o Blogouve-se que fez o mesmo há tempos e também nessa altura o critiquei) mas, por isso, não é desta forma que se pode “singelamente”, “personificar o paradigma do bom jornalista para aqueles que por aqui passam”.
O que é um bom jornalista? Desta forma, é como escolher o melhor português – um enviezamento completo sobre a realidade a partir dos personagens que conhecemos e queremos e podemos e nos dão a conhecer.
Insisto no exagero: porque não querer saber “quem são os três melhores profissionais de estatística do país; quem são os três melhores políticos, os três melhores enfermeiros, bombeiros, polícias, prostitutas, candidatos a astronautas?”
O Rui sabe que existem milhares de jornalistas. Eu não sou advogado de defesa deles. Mas não exageremos: escolher três em cinco mil ou seis mil é errado. Até porque quaisquer que sejam os três “escolhidos” também a eles se podem apontar telhados de vidro.
O Rui pode – e com razão – estar desapontado com alguns jornalistas que andam a dissertar erradamente sobre temas que lhe interessam mas dê algum desconto aos outros que processam informação coerente e fiável. Meter tudo na mesma panela, não.
Por isso Rui, se quer o meu voto, é para os jornalistas desconhecidos que tentam manter o jornalismo naquilo que ele deve ser (sério e honesto) e passam completamnete despercebidos porque a lógica do reconhecimento só atinge os “novos cães de guarda”, como lhes chama o Serge Halimi. E o Rui, ao lançar este tipo de concursos, contribui para essa lógica do reconhecimento mediático, simples, bacoco, televisivo.
Lamento não estar de acordo neste assunto consigo.
Ok Pedro. Consigo perceber os seus argumentos, mas a sua “resposta” como ela foi dada também me interessa.
Apesar de tudo apresento como atenuante isto não ser um programa de televisão, antes um tasco pouco frequentada, que não impõe uma lista à priori (ainda que perceba que o Pedro acaba por sublinhar que indirectamente o faço pois estarei a convidar à promoção dos já mediatizados e acha que acabo por usar o mesmo princípio dos “grandes portugueses”). Confesso que não vi a tal iniciativa semelhante que passou no Blogouve-se.
O objectivo se o há claro e definido não passa por meter tudo no mesmo saco.
Uma das curiosidades era tentar perceber até que ponto se vai além dos clássicos, qual o grau de atenção face ao trabalho dos jornalistas em termos nominais. Haverá quem o faça ou há apenas um grande jornalista que lemos, ouvimos e vemos? Entre a classe tudo está bem claro, todos conhecem todos, todos têm histórias a contar uns sobre os outros.
Todos? Haverá um exército em rotação permanente composto por jovens estagiários que se não conseguem “fazer nome” no pouco tempo que lhes é dado são devorados sistematicamente ainda que se revelem jornalistas competentes? Há quem me diga que sim. Parece-me que é também assim em todos as outras profissões. Sucede que na politica e no jornalismo a natureza das funções leva a uma certa singularidade.
Cá fora, talvez quase apenas entre alguns que frequentam a blogoesfera haja quem dê atenção ao percurso dos jornalistas… E depois como já disse, gostava mesmo (em jeito voyeur) de saber quem é que me lê mais admira entre os jornalistas… Gostava por exemplo de ver se topava com algum nome que não conheço para dar uma espreitadela a ver se alargo o meu leque de leituras nos jornais.
Sérgio Figueiredo e o José Manuel Fernandes pela coragem , nos jornais.
Na tv , existem 2 que estão fora dos holofotes mas que são bastantes competentes : Joaquim Franco e um tipo loiro com a tez muito pálida que eu não me lembro do nome ( vergonha..)
agora na rádio , não me ocorre nenhum sinceramente.
Adelino Gomes é o primeiro de todos e com entrada directa para uma selecção mundial, pelo que o considero acima desta escolha.
Nomeio 4 nomes em cada género:
Imprensa: Sérgio Figueiredo, José Manuel Fernandes, Clara Ferreira Alves e Alexandra Lucas Coelho.
Televisão: Henrique Cymerman(aproxima-se da classe mundial de Adelino Gomes mas apenas o conheço como repórter de campo), Paulo Dentinho, José Gomes Ferreira e Cândida Pinto.
Rádio: Fernando Alves, Carlos Vaz Marques, Sena Santos e Paulo Guerra.
Internet: João Paulo Meneses, António Granado, Carlos Vaz Marques(com muitas faltas acumuladas) e Sena Santos.
Acrescento à lista anterior, as escolhas como comentadores:
Jornalistas comentadores: Miguel Sousa Tavares, Constança Cunha e Sá, António Peres Metello e Sérgio Figueiredo.
Cronistas não jornalistas: Maria José Nogueira Pinto, Agustina Bessa-Luís, António Barreto, Vaco Pulido Valente.