clown.jpgA última coisa de que precisavamos por aqui era de teatrais golpes de marketing patrocinado pelos bem humorados decanos de 2003 (e por mais alguns incautos) brincando com falsas indignações por suposta omissão jornalística (em torno de um hipotético rapto de uma personagem de um romance que por sinal é jornalista).

Talvez a minha sensibilidade ou falta de humor e de disponibilidade para estas brincadeiras esteja particularmente afectada por estarmos num momento em que há uma outra peça em cena da vida real, em torno de uma criança, dos direitos de paternidade e de uma adopção à margem da lei, que tem, essa sim, brincado com os sentimentos de muitos concidadãos e colocado em risco mais um pouco da imagem da justiça, sob o patrocínio da uma das mais inacreditáveis coberturas dos nossos intermediários habituais que têm por ofício dar notícia imparcial e fundamentada. 

Era neste momento particular que uma parte da nossa blogoesfera que tem algum orgulho em contribuir de forma crítica e construtiva para a produção e difusão da informação neste país poderia dar provas da importância do seu papel, denunciando a completa distorção dos factos presentes na generalidade dos órgão de informação e apontando o caminho para aquilo que efectivamente falhou e deveria estar sob escrutínio público e eventualmente a ser alvo da indignação popular.

Mais uma vez renovo o convite para que leiam pelo menos o resumo do acordão do tribunal de Torres Novas que condenou o arguido a 6 anos de prisão efectiva por crime de sequestro agravado e de subtracção de menores (um desafio que envio em especial ao nosso Crítico musical).

Voltando ao happening, cá vão mais dois parágrafos de "má" publicidade:

Péssimo timming caro Luís Carmelo. Pior era impossível. Houvesse originalidade para se brincar com outra coisa ou um mínimo de escapatória para que o ludibriado se desenganasse (apenas o vi ser feito claramente pelo Eduardo Pitta e pelo Paulo Querido que deu uma boa pista falsa para quem a quisesse seguir – ver os comentários ao post).

O seu romance precisará mesmo de explorar a já proverbial predisposição crítica de blogoesfera face aos media para vender bem? Ainda se ao menos a brincadeira não tivesse fito comercial teríamos atenuante. Teremos? Eu sugiro desde já que a receita reverta para um seguro de responsabilidade civil em favor dos bloggers portugueses; nunca se sabe quando algum de nós fará algum disparate.  Enfim, boa sorte para o seu romance, seguramente, é de estalo. Shame on you, all.

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