Não há nada (pior) do que recomeçar a labuta com um choque de "urbanidade".
Antes de ir trabalhar desloquei-me ao posto de atendimento da Carris para me desfazer dos 7 BUC (bilhetes pré-comprados) da Carris que esta empresa vai substituir por um cartão com chip integrado (o Sete Colinas). Conseguem imaginar o que é que podia correr mal? Eu não consegui. Gato escaldado em troca de bilhetes com a Carris fui o caminho todo congeminando sobre o que é que podia correr mal.
A Carris já anunciou publicamente que aceitava a conversão dos BUC em novas viagens no Sete Colinas, por isso o que é que podia correr mal?
Eis o que é que pode correr mal:
CADA UTENTE SÓ PODE TROCAR 4 BUC.
Excerto do diálogo tido com a funcionária:
Eu: E se vier amanhã posso trocar o resto?
Ela: Pode.
Eu: Espere! E se eu deixar que atenda esta senhora e depois lhe pedir para me trocar o resto dos BUCS posso?
Ela: Pode.
Eu: Portanto o único problema é trocar mais do que 4 de uma vez?
Ela: Certo.
Eu: E já agora, posso requerer mais do que um cartão Sete Colinas por pessoa?
Ela: Claro que pode. Quantos quer?
Kafka anda à solta e o resto é chuva miudinha.
Adenda:
Estive a matutar nesta representação de Kafka e fiquei desconfiado que um tipo na Carris apercebeu-se que 5 ou mais BUCs equivalem a 10 ou mais viagens. Ora uma viagem custa 0,75 € (1,5 € por BUC) mas no novo cartão Sete Colinas 10 ou mais viagens tem direito a desconto caindo o valor unitário para 0,665 €. Assim, se o cliente trocar mais do que 4 BUCS tem o hipotético direito a receber a diferença entre, por exemplo, as 10 viagens do BUC que pagou (7,5€) e os 6,65 € das 10 viagens no Sete Colinas. A chatice é que no cartão Sete Colinas a compra de 5 viagens (2 BUCS e meio) já têm desconto ficando o preço unitário abaixo dos 0,75€ (cerca de 0,70 €), por isso a minha teoria cai por terra. Sinceramente preferia que me carregassem as viagens na quantidade e cartão que eu entendesse ao preço que já paguei por elas. O preço desceu para grandes quantidades? Porreiro, mas não preciso do "troco" de volta. Vai-se a ver e tudo não passa de algum problema no software de controlo de gestão por centros de custo ou coisa que o valha. Hiulariante mesmo seira se a Carris tivesse alguém na sua estrutura a trabalhar em algum serviço com o pomposo nome de CRM – Customer Relationship Management. Enfim, uma embrulhada com resultados absolutamente ridículos e negativos para a imagem e serviço da Carris e dos transportes públicos. Detalhes… a somar a outros.
Adenda II:
Informam-me agora que só se fazem trocas de BUC virgens… Ou seja, se por ventura já utilizou uma das duas viagens disponibilizadas pelo seu BUC o melhor é usar a outra até ao final de Outubro. Não precida se a usar até lá? Então dei-te o bilhete para o lixo ou ofereça-o a um desconhecido. Se não é virgem não dá direito a ser convertido em suporte magnético. Mais um detalhe…