É raro ver a demografia e o crescimento económico serem abordados na imprensa com algum desprendimento face às ideias feitas populares na praça pública. O destaque do dia vai precisamente para o artigo de opinião de hoje de Cristina Casalinho no Diário de Notícias. Este é sem dúvida um assunto cá de casa. Segue excerto:

" (…) Porém, os crescimentos impressionantes observados na Irlanda, Espanha ou EUA não escapam à lupa demográfica, porquanto o crescimento do PIBper capita nos últimos anos nestes países cai para cerca de 2% contra valores de variação real do PIB superiores a 3%. Nos EUA, observa-se significativo crescimento demográfico natural, por via do fluxo imigratório, que sustenta ritmos de acréscimo de procura agregada elevados.

Na Irlanda, a taxa de crescimento natural da população é de cerca do dobro da média da UE-12, enquanto em Espanha a população cresceu aproximadamente 10% nos últimos cinco anos. Estes factores ajudam a suportar o dinamismo do mercado imobiliário e asseguram incremento fisiológico do consumo privado. Isolando a dinâmica populacional, os reduzidos crescimentos de França, Alemanha, Itália e Portugal adquirem outra perspectiva.

Desmistificar o reduzido crescimento económico destas economias, invocando argumentos demográficos, não colide com o reconhecimento das dificuldades de sustentabilidade de crescimento a prazo, mas visa, somente, reorientar o discurso do problema económico para além da esfera das reformas estritamente de mercado, envolvendo também reflexão sobre as políticas de imigração e natalidade. (…)"

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